Um panorama da produção universitária de cinema no Brasil e no mundo pode ser vista a partir desta terça (31/1) na 3ª edição do MOV - Festival Internacional de Cinema Universitário de Pernambuco, que acontece até sábado (3/2) no Cinema São Luiz e, no domingo (4/2), tem sessão gratuita no Parque Dona Lindu. São cerca de 60 curtas e longas no evento que neste ano debate a militância estudantil e a política.
Na programação, o MOV traz dois longas. O primeiro deles, Ressurgentes: Um Filme de Ação Direta, dirigido por Dácia Ibiapina, será exibido terça (31/1) , às 19h, na abertura. O documentário é construído a partir de depoimentos de estudantes e vídeos de confrontos com a polícia em manifestações, registrando a militância estudantil brasiliense entre 2005 e 2013. O outro longa, exibido no sábado (3/2), é o clássico de Eduardo Coutinho, Cabra Marcado para Morrer, que começou a ser filmado com apoio da União Nacional dos Estudantes (UNE) e do Movimento de Cultura Popular do Recife (MCP), até ser interrompido pela ditadura militar em 1964 – a obra só foi finalizada 20 anos depois, em 1984.
“A militância dentro do cinema universitário é algo que tem atravessado o MOV desde a sua criação. Não é um tema que a gente escolheu, mas algo que os próprios filmes reinvidicam”, conta Txai Ferraz, curador de programação do evento. “Ainda mais com um ano como 2016 ou quando se nota a importância do feminismo e do movimento LGBT dentro das universidades. Pensamos uma programação que não fosse indiferente a tudo isso”, continua.
Foram mais de 600 filmes de 50 países inscritos. “Normalmente, as submissões de filmes nacionais e internacionais são bem distintas. As obras de fora dialogam mais com um sistema industrial de roteiro e produção. Já o novo cinema universitário do Brasil, mesmo quando faz ficção, dialoga muito com uma ideia do real”, explica Txai.
A terceira edição do MOV ainda tem outras novidades. A sessão gratuita domingo, no Parque Dona Lindu, por exemplo, traz um recorte voltado para o olhar infantil, com a série de curtas As Crianças e o Mundo e os Curtinhas Animados. “Queríamos trazer essas animações porque essa é uma carência dos filmes universitários: por serem muito caros e trabalhosos, existem poucos”, conta o curador. Além disso, há uma parceria com o DocLisboa, que traz para cá filmes da mostra Verdes Anos. “Dois dos quatro filmes foram premiados no último DocLisboa. É interessante ver essa nova escola de documentário de Portugal, que é muito observacional, com poucas entrevistas”, destaca Txai.