Pompeia abre casa romana dos namorados para o Valentines Day

A Casa dos Amantes Castos, há anos em reforma, reabriu especialmente para celebrar a data dos namorados
Da AFP
Ella Ide
Publicado em 14/02/2017 às 14:35
A Casa dos Amantes Castos, há anos em reforma, reabriu especialmente para celebrar a data dos namorados Foto: AFP


A Casa dos Amantes Castos, conservada durante 2 mil anos sob as cinzas e a lava do Vesúvio em Pompeia, está aberta ao público neste fim de semana por ocasião do Valentine’s Day, quando se comemora o dia dos namorados em muitos países.

A emblemática residência, que pertencia a um rico padeiro, conta com jardim, moinho, estábulos e o afresco suntuoso de um beijo carinhoso entre dois namorados.

Localizada na via dell'Abbondanza, uma das mais transitadas na antiga cidade romana, a propriedade foi soterrada junto com o resto de Pompeia no ano 79 pela violenta erupção do Vesúvio.

Como uma homenagem aos namorados no Valentine’s Day, as autoridades italianas autorizaram a abertura do local deste fim de semana até 14 de fevereiro, para que os visitantes possam admirar uma das residência mais interessantes de Pompeia, patrimônio da Humanidade. 

Após a breve e excepcional abertura, o local, de 1,5 mil m2, será fechado de novo por quatro anos para uma grande restauração, no âmbito de um projeto de conservação de Pompeia, financiado em boa parte com fundos da União Europeia.

"O complexo resume a beleza e os desafios de Pompeia", disse à AFP a arqueóloga Alberta Mattelone.

"Há o patrimônio arqueológico - as casas e os afrescos - assim como os vestígios da erupção, os depósitos vulcânicos. Também temos que encarar problemas complexos de conservação, dos telhados, escarpas, e proteger os afrescos", disse.

O afresco do beijo decora uma das paredes do triclinium, a pequena sala de jantar onde romanos antigos se acomodavam para beber e saborear alimentos como queijo e mel, sempre acompanhados de pão recém-saído do forno.

A padaria ficava próxima ao triclinium, e ainda se pode ver as pedras utilizadas para moer os grãos e um grande forno onde se assava o pão, que era vendido em uma lojinha ao lado. 

Logo na entrada da loja, há contas rabiscadas na parede de clientes que deviam ao padeiro o dinheiro do pão, que provavelmente haviam consumido com azeitonas e frutas secas vendidas em uma barraca de alimentos em frente.

VISITANTES

Seis mulas e um burro que garantiam o funcionamento do moinho de pedra morreram no estábulo quando as cinzas e a lava incandescente soterraram a cidade.

"Seus restos foram analisados por uma equipe de arqueozoólogos que chegou à conclusão de que morreram sufocados, com exceção de um, que morreu por um golpe na cabeça quando o edifício desabou", contou Mattelone, acrescentando que os animais estavam "em excelente estado de conservação".

Atrás do estábulo encontra-se a Casa dos Pintores no Trabalho, onde decoradores de interiores estavam trabalhando em um dos quartos quando o vulcão entrou em erupção, bem como um jardim que está sendo recriado exatamente como era por arqueobotânicos. 

O complexo foi explorado pela primeira vez em 1912, mas as poucas estruturas reveladas então foram mais tarde danificadas por bombardeios de aliados durante a Segunda Guerra Mundial.

As escavações começaram de verdade em 1982, e seguiram até 2004. Em 2010, a residência foi aberta ao público por um breve período, e depois disso permaneceu fechada.

"Estamos abrindo para o dia de São Valentim porque queríamos que o público pudesse entrar antes de fecharmos o local para reformar o telhado e a estrutura de apoio", disse Michele Granatiero, 61 anos, arquiteto-chefe do projeto.

Pompeia, a segunda atração mais visitada da Itália depois do Coliseu de Roma, recebeu em 2016 um recorde de 3,2 milhões de turistas, embora o local tenha sofrido nos últimos anos uma série de desabamentos devido à falta de manutenção e ao mau tempo. 

As barras de metal enferrujadas que sustentam as paredes da Casa dos Amantes Castos serão substituídas por suportes externos e subterrâneos.

Os visitantes explorarão o local a partir de uma passarela recentemente erguida sob um teto de alumínio e acrílico.

Aqueles que tiverem a sorte de entrar na residência durante esta abertura excepcional poderão percorrer, em grupos de até 20 pessoas, o complexo encantador, com seus mosaicos de mármore colorido, vasos de cerâmica e afrescos de pássaros, plantas e de um dos beijos mais doces da época romana.

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