Nelson Xavier, morto aos 75 anos, foi dos grandes atores contemporâneos do Brasil. Seu jeito discreto e contido de interpretar marcaram suas participações no teatro, no cinema e na TV. Formado no Teatro de Arena, uma das fontes de renovação das artes brasileiras nas décadas de 1950 e 1960, Nelson sabia que a emoção devia ser buscada em suas camadas mais profundas e nunca gritada de maneira ostensiva, o que apenas servia para banalizar sentimentos.
Era um ator político, por formação; ou seja, buscava a emoção, mas sempre associada a algum tipo de reflexão. Em seu início no teatro, chegou a escrever peças, como Mutirão em Novo Sol, sobre conflitos de terra no interior de São Paulo. Mais tarde escreveu O Segredo do Velho Mundo, refletindo sobre o papel da esquerda sob o impacto do golpe militar de 1964.
Teve papeis marcantes na TV, como na minissérie Lampião e Maria Bonita, na qual contracena com Tania Alves para formar o mais famoso casal do cangaço. Ou como o delegado Queiroz na novela Pedra sobre Pedra, em que dá asas a sua veia cômica. Foi também um líder budista, Ananda, na novela Joia Rara.