Na noite desta sexta-feira (22), quando entrar no ar o derradeiro capítulo 161 da novela A Dona do Pedaço, na TV Globo, dois tipos de público estarão atentos com o desfecho da trama escrita por Walcyr Carrasco: o da razão, que enxergou este como um folhetim das nove que “errou a mão” no jeito de fazer teledramaturgia, e a turma da emoção, que comprou a história protagonizada por Maria da Paz (Juliana Paes) e deu à emissora vários recordes de audiência.
No lado da razão, A Dona do Pedaço passa longe de ser um primor de novela. E os motivos foram muitos: começando com uma protagonista pouco empática, rodeada por personagens coadjuvantes como Vivi Guedes (Paolla Oliveira), Fabiana (Nathalia Dill) e a filha nón-grata Josiane (Agatha Moreira) que roubavam muito mais a cena que a boleira, embora Juliana Paes como atriz tenha feito o possível (e o impossível) para defender a sua Maria da Paz. Outros atores terminam completamente apagados por não terem um espaço e história suficiente para render nestes seis meses de folhetim.
Pesando pela emoção, Walcyr Carrasco não economizou nas “viradas” de história. Junto a um texto bastante popular, gerando rápida identificação com o público de massa, regado a situações forçadas e deixando a verossimilhança completamente de lado, o autor deu o que o público pedia: cenas fortes e marcantes, sem se importar se fazia sentido para a narrativa ou não, garantindo picos de audiência, fazendo com que a novela saia de cena como um grande sucesso no horário. Isso somado, claro, ao profissionalismo dos atores, direção e equipe técnica.
Misturando tudo isso, o “bolo” de Walcyr Carrasco deu liga. Uns vão gostar do sabor, outros não, mas o autor pode se gabar de conseguir executar mais uma receita bem feita em sua mirabolante cozinha dramatúrgica.