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Mafalda faz 50 anos como influência dos quadrinhos atuais

Concebida em 1962 para uma campanha publicitária, a personagem do cartunista Quino marcou toda uma geração com seu inconformismo
Diogo Guedes
Publicado em 18/03/2012 às 6:00
Concebida em 1962 para uma campanha publicitária, a personagem do cartunista Quino marcou toda uma geração com seu inconformismo Foto: Foto: internet


“Justo a mim coube ser eu!”, reclamava Mafalda em uma de suas tiras. Uma das personagens das histórias em quadrinhos mais famosas do mundo, a criação de Joaquín Salvador Lavado, o Quino, se tornou, durante os nove anos em que foi publicada, a imagem da contestação política e social latino-americano. Nesta semana, a carismática menina completou 50 anos de sua criação – a série, no entanto, só foi publicada a partir de 1964 –, mantendo sua importância histórica e sua influência sobre leitores e artistas da atualidade. Na Argentina, vai ser homenageada com uma exposição, O mundo segundo Mafalda, a ser inaugurada no dia 14 de abril.

Polêmica, filosófica e questionadora, Mafalda tinha uma opinião sobre tudo: sobre a paz mundial, sobre Fidel Castro, sobre a televisão, sobre a sopa, sobre a humanidade, sobre as questões ambientais. Ela problematizava, sempre com humor, o papel da mulher, os males sociais do capitalismo, a falta de liberdade dos regimes comunistas e o belicismo vigente na Guerra Fria com a mesma desenvoltura de uma criança cuja lógica não era presa ao cotidiano do mundo ou ao convencionado como comum.

Ao mesmo tempo que tem seu lado revolucionário, a personagem conta com uma origem, no mínimo, irônica. Crítica da publicidade e do capitalismo, Mafalda foi criada em 1962 como protagonista de uma série de tirinhas para propagandear a marca de eletrodomésticos Mansfield. A história foi rejeitada pelos jornais, mas a menina, dois anos depois, passou a ser publicada na revista semanal Primeira Plana. Mesmo que seu concepção tenha sido há 50 anos e o mundo todo esteja ensaiando homenagens a ela, Quino divulgou uma nota em seu site oficial, dizendo que a data oficial do surgimento de Mafalda é 29 de setembro de 1964, quando ela passou a existir como “uma personagem de história”. Uma controvérsia natural, pois o argentino, naturalmente, prefere o momento de publicação à celebrar as origens menos nobres da menina.

Mais do que inspirar os artistas dos quadrinhos das décadas de 1960 e 1970, Mafalda e Quino se tornaram referências essenciais para as HQs de todo o mundo até hoje. Para o chargista paulista Gustavo Duarte, o grande mérito dela é não ser datada mesmo falando bastante sobre temas contextuais, em comparação com outros casos. “Eu sou um grande fã do Henfil, mas, para alguém que não viveu aquela época, ele perdeu parte do sentido”, opina.

O quadrinista André Dahmer, criador, dentre outros, da série Malvados, define Quino como um dos seus pais e como o autor de uma obra “monstruosa e indispensável”. “Ele mostra a diferença entre gênios e esforçados”, analisa o autor carioca.

Miguel Falcão, chargista deste Jornal do Commercio, conta que conheceu Mafalda ainda na sua adolescência, na década de 1970. “Gosto muito do Quino como quadrinista e como cartunista”, comenta. Para ele, grande parte dos questionamentos da personagem pertencem a um período histórico: “Hoje, o espírito contestador dela talvez fosse mais ligado à preocupação ambiental”.

Leia a matéria completa no Jornal do Commercio deste domingo (18/3)

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