Livro mostra correspondência de Dom Hélder

Circulares pós-conciliares, editado pela Cepe Editora e pelo Instituto Dom Hélder Câmara, ganha lançamento no Museu do Estado de Pernambuco
Diogo Guedes
Publicado em 12/04/2012 às 6:51


Pode-se dizer que um diário é uma espécie de autobiografia fragmentada, feita antes de se digerir completamente os fatos relatados. Em suas cartas, destinadas aos seus amigos próximos, Dom Hélder Câmara (1909-1999) não produziu exatamente um diário, porque estava ciente da dimensão pública delas, mas as usou como uma forma de registrar, parcialmente, suas atividades e reflexões rotineiras. Parte do epistolário do antigo arcebispo de Olinda e do Recife tem sido lançado desde 2009, por uma parceria entre a Companhia Editora de Pernambuco – Cepe e o Instituto Dom Hélder Câmara. O terceiro volume dessa coleção, intitulado Circulares pós-conciliares, ganha lançamento esta quinta-feira (12/4), às 19h, no Museu do Estado de Pernambuco, nas Graças.

A edição, com três tomos de cerca de 400 páginas cada um e organizada por Zildo Rocha e Daniel Sigal, tem importância histórica. As cartas de Dom Hélder relatam sua experiência do período imediatamente após o fim do Concílio Ecumênico Vaticano II, em 1965, que teve como objetivo atualizar a Igreja Católica para o mundo contemporâneo. As decisões do evento, ainda hoje não completamente compreendidas por estudiosos, não resultaram na criação de novos dogmas, mas sim no estabelecimento de novas doutrinas, incluindo uma maior preocupação com os direitos humanos e uma relação de tolerância com as religiões não-cristãs.

As Circulares pós-conciliares, direcionadas à família Mecejanense – como chamava os amigos da sua terra natal, Mecejana –, mostram o momento em que o arcebispo começava a implementar as novas recomendações doutrinárias na sua diocese. “Dom Helder tinha o hábito de escrever todos os dias para os seus colaboradores. Ele fazia uma espécie de blog; suas cartas eram todas muito bem estruturadas e, além disso, tinham muita espiritualidade e reflexão”, explica Zildo Rocha, que também assina a apresentação da obra – que conta ainda com um texto do Governador do Estado, Eduardo Campos. Para o organizador, ainda que sem querer, o arcebispo fez uma “autobiografia a conta-gotas”.

Leia a matéria completa no Jornal do Commercio desta quinta-feira (12/4)

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