Marcelo Mário de Melo lança livro de poemas políticos

Em "Os colares e as contas - Poemas políticos", escritor e jornalista recostroi em versos sua experiência na prisão política.
Mateus Araújo
Publicado em 20/06/2012 às 6:03


Oito anos de clausura como preso político e uma vida dedicada à luta pela liberdade. A liberdade própria e a liberdade do próximo. Histórias, sentimentos e lembranças que o jornalista e escritor caruaruense Marcelo Mário de Melo desmancha e reconstrói em versos verbais e não-verbais no seu livro Os colares e as contas – Poemas políticos (Caleidoscópio, R$ 35, 208 páginas), que tem lançamento nesta quarta-feira (20), às 19h, no Museu do Estado de Pernambuco.

O envolvimento com os movimentos políticos socialistas, desde os 17 anos, possibilitam a Marcelo criar poemas debruçado sobre suas experiências e suas visões acerca das situações pessoais e universais, vividas em meio a um Brasil e um mundo regidos pela opressão de governos ditatoriais. “A minha poesia política tem um forte componente satírico, demolidor. Porque eu acho que ainda existe muito marketing, muito jogo de aparência na política, e eu procuro um conteúdo satírico e iconoclasta”, diz.

Confira no vídeo abaixo a explicação que Marcelo Mário de Melo dá para a escolha do título do seu livro.

“Eu digo que a poesia é uma linguagem abrangente, espiralada. A poesia trata da intimidade das pessoas, das relações sociais e das grande indagações cósmicas, da vida, da alegria, da tristeza”, explica o autor. Nas referências eruditas e populares, o jornalista vai buscar o calço o para seus versos. Há traços de Vladimir Maiakovski, Bertolt Brecht, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto. Além de características da literatura de cordel, Marcelo Mário Melo também bebe na fonte da comunicação não-verbal para desenhar com imagens seus poemas. Os 116 textos são divididos em seis blocos: as lentes da poesia, linhas gerais, poemas antiburocráticos, coisa de prisão, poemas verbovisuais e pichemas (este bloco baseado nas pichações urbanas).

O ponto de partida de Marcelo são suas inquietações e a possibilidade de transformá-las em palavras. Nos seus versos, o escritor solta sua verve de questionador das diferenças, desigualdades e excesso de poder, ora de forma direta, ora nas entrelinhas dos seus pensamentos, sempre com humor e toques de sarcasmo. No poema Alienação, por exemplo, ele alfineta a burocratização da sociedade: “A vida irregular e borbulhante/ então se organiza em prateleiras/ cumprindo a cachoeira de decretos”.

 

Leia abaixo trechos do livro:

 

Objetividade

O grupo de trabalhi
não está trabalhando
porque está elaborando
um plano
de trabalho.

 

Maré mansa

O trabalho do porto
anda meio morto
porque os operários do porto
passam todo dia
a ver navios.

 

EXCLUÍDOS
ESCRAVOS
RECICLADO$

 

TTT
PARA TODOS
TETO
TERRA
TRABALHO

 

Leia a matéria completa no Jornal do Commercio desta quarta (20).

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