Foi o próprio Ogum que escolheu a si mesmo como padrinho do filho do negro Massu, em O compadre de Ogum. Enquanto isso, em O sumiço da santa, Santa Bárbara – também aqui a Rainha das Tempestades, a deusa Iansã (Jorge jamais se preocupou em diferenciá-las, porque, afinal, são a mesma divindade, na sua obra) desaparece, deixando polícia, autoridades e imprensa soteropolitanas em polvorosa.
O ritual a Exu, no início das festas nos terreiros, para afastar o orixá traquino das cerimônias. O som marcante do agogô e dos atabaques, e o cheiro e sabores da comida de santo. Jorge Amado sabia descrever e dar cor a tudo que viu e viveu nos axé baianos, ao mesmo tempo que soltava a imaginação e humanizava orixás.
Veja abaixo fotos de alguns dos orixás presentes nas obras de Jorge Amado, representados por integrantes do Balé Popular do Recife.
Aos olhos do Jorge, o Brasil e África uniram-se numa só cultura. No sincretismo amadiano, catolicismo e candomblé são inseparáveis. “A obra de Jorge Amado é universal, à medida que ajuda a contruir uma identidade do Brasil, erguida na origem. Primeiro veio Amado, depois os músicos, os teatrólogos, cineastas. Todos vão ajudar a criar essa identidade.”
No dia da sua morte, há exatos 11 anos, Jorge Amado teve um velório calmo, sem multidões de gente e com poucos artistas. A cerimônia talvez nem sequer fosse religiosa, se não fossem os integrantes da Irmandade da Boa Morte, que diante do caixão entoaram cânticos afro, em homenagem ao escritor. Jorge consagrou o Brasil, e o mundo reconheceu Jorge. Ao ateu, filho de Oxóssi, ogã e obá de Xangô, axé!
Leia a matéria completa no Caderno C desta segunda (6).