Mia Couto debate literatura, identidade e memória na UFPE

Autor convesa sobre o tema no Centro de Educação, em palestra gratuita e aberta ao público
Diogo Guedes
Publicado em 25/10/2012 às 6:25
Autor convesa sobre o tema no Centro de Educação, em palestra gratuita e aberta ao público Foto: Bel Pedrosa/Divulgação


“Para tanto esquecer é preciso não ter nunca vivido”. A frase de um dos personagens do escritor moçambicano Mia Couto no seu mais recente livro, A confissão da leoa (Companhia das Letras, 256 páginas, R$ 39,50), pode ser tomada como um mote para o evento de que ele participa quinta (25/10), às 16h, no auditório do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na Cidade Universitária. Na ocasião, ele conversa com o público sobre as sempre produtivas relações entre a literatura, a identidade e a memória, também com rodada aberta de perguntas. A entrada é livre.

É a primeira vez que o escritor passa pelo Estado, um pouco antes da sua aguardada vindo para a Fliporto, no 17 de novembro, quando conversa com o autor angolano José Eduardo Agualusa. O convite ao escritor para o evento acadêmico de hoje, segundo a professora Eliane Veras, uma das organizadoras da conversa, veio do contato da professora são-tomense Inocência Mata, da Universidade de Lisboa, que faz residência de três meses na universidade pernambucana.

Mia Couto está no Brasil para divulgar A confissão da leoa, livro que surgiu de uma experiência real. Em 2008, ele estava na vila de Palma, em Moçambique, quando uma sequência de ataques de leões começou a acontecer. Na obra, que ganha lançamento oficial durante da Fliporto, o escritor mantém-se fiel ao seu projeto literário: inserir a fantasia na dureza da realidade para conseguir falar, ao mesmo tempo, da sociedade, do homem e da literatura.

Na ficção, o autor cria dois narradores: um é Arcanjo Baleiro, caçador que vai a aldeia Kulumani, em Moçambique, para exterminar os leões. O outro é Mariamar, que teve a irmã morta em um desses ataques. O mito entra na narrativa como forma de denúncia das crueldades cometidas contras as mulheres moçambicanas. São elas, as leoas e não os leões, as protagonistas. A primeira frase do romance expressa isso: “Deus já foi mulher”. “O céu ainda não está acabado. São as mulheres que, desde há milênios, vão tecendo esse infinito véu”, explica a mãe de Mariamar. A maternidade estende esse véu, mas a morte de um filho é uma perda definitiva no firmamento.

Leia a matéria completa no Jornal do Commercio desta quinta (25/10).

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