O jornalismo combativo e investigativo na luta contra os abusos do poder do Estado é destaque da Feira Internacional de Literatura de Paraty (Flip) neste sábado (2). A mesa que abre o quarto dia do evento, “Liberdade, liberdade”, terá os jornalistas norte-americanos Charles Ferguson e Glenn Greenwald.
Ferguson fez um documentário sobre crise financeira de 2008, que virou livro (Trabalho Interno), e Greenwald ficou famoso mundialmente após revelar as denúncias feitas pelo ex-agente da CIA Edward Snowden sobre a espionagem de cidadãos e países feita pelos Estados Unidos por meio da internet.
Às 21h, os jornalistas David Carr e Graciela Mochkofsky falam do trabalho que desenvolveram sobre as relações entre a imprensa e interesses privados. Carr fez o documentário Page One – Inside the New York Times, sobre os bastidores do jornal nova-iorquino. Graciela escreveu um livro sobre o embate entre o casal Kirshner e o grupo Clarín, dono de jornais e revistas na Argentina, seu país de origem.
A partir das 17h, o segundo encontro sobre questão indígena do evento reúne o antropólogo Beto Ricardo e um ativista da causa yanomami e o antropólogo Eduardo Viveiro de Castro, indigenista e autor de vários livros sobre o pensamento ameríndio. A presença sobre a presença e o futuro dos índios no Brasil será destaque da mesa.
Ontem, no primeiro encontro dedicado aos índios e à Amazônia , o líder indígena Davi Kopeawa criticou a destruição causada pelo homem da cidade, as invasões de terras indígenas por parte de garimpeiros, camponeses, que, segundo ele, tem a conivência do governo.
Kopeawa e a fotógrafa suíça Claudia Andujar, que fez um trabalho de saúde preventiva em terras yanomami na década de 70 em Roraima, falaram de aspectos da cultura desse povo e defenderam sua preservação. A fotógrafa contou que, após perder quase toda a família, morta pelos nazistas, saiu pelo mundo em busca de sua identidade, que encontrou no Brasil, entre os índios com quem viveu por mais de seis anos.
À noite, no circuito alternativo, a ditadura militar no Brasil foi abordada por dois filhos que perderam seus pais. O engenheiro Ivo Herzog e Marcelo Rubens Paiva defenderam a educação e o fortalecimento da memória deste período para prevenir mais mortes cometidas pelo Estado no país.
Mais cedo, na primeira mesa do dia, amigos e parceiros de Millôr Fernandes lembraram a genialidade do homenageado da Flip e exaltaram sua coragem para desafiar o regime militar.