WEB

Recife também tem um mapa literário

Criado pela revista Vacatussa, o mapa é alimentado com a prosa e a poesia de autores atuais e do passado
Diogo Guedes
Publicado em 28/09/2014 às 5:25
Criado pela revista Vacatussa, o mapa é alimentado com a prosa e a poesia de autores atuais e do passado Foto: Foto: Reprodução


A capital pernambucana também tem uma tentativa de resgatar a poética de suas ruas. Criada pela revista e site Vacatussa, o projeto A Cidade em Palavras traz referências de autores contemporâneos e clássicas sobre pontos importantes do Recife. O projeto é comandando pelo jornalista e crítico literário Thiago Corrêa, um dos criadores da publicação. A ideia nasceu a partir de uma mesa no festival A Letra e a Voz de 2012, com Ronaldo Correia de Brito e Conrado Falbo. “Como crítico, eu sempre ficava impressionado quando encontrava alguma cena que se passava no Recife”, conta Thiago. “Eu percebi pelas perguntas de Conrado que ter o Recife como cenário não era um estranhamento só meu.”

No site, criado a partir do Google Maps, estão trechos de obras do próprio Ronaldo e também de Raimundo Carrero, Sidney Rocha, Everardo Norões, Alexandre Furtado e Homero Fonseca, entre outros. Os autores refletem as leituras mais recentes do crítico – a promessa é a de surgirem novas referências com outras leituras.

Criar esse mapa literário na internet – chamado em estudos de "literatura geográfica" – é uma ideia que veio da própria pesquisa de mestrado de Thiago em Letras, sobre literatura e internet. No processo, o jornalista se deparou com o trabalho de Julia Debasse, uma trilogia em que ela localiza, no Google Maps, de onde vieram os homens que beijou, os que amou e com quem dormiu, transformando-os em curtas crônicas literárias.

“Outro fator é que eu já vinha matutando a ideia de ressuscitar o site da Vacatussa e queria algo diferente, que usasse o potencial interativo da internet”, explica. No Funcultura deste ano, a Ideiaimagem Computação Gráfica aprovou a criação de um aplicativo com proposta parecida, o Ruas Literárias do Recife – que não tem relação com o projeto da Vacatussa.

“Acho que o mapa ajuda a registrar diferentes momentos da nossa cidade, é uma forma de você conhecer um pouco da história daqueles lugares e o espírito de cada época, da maneira como a gente se relaciona com o espaço”, avalia Thiago. No seu olhar, a internet é usada muito menos hoje como plataforma de inovação na literatura se comparada aos anos 1990. “Hoje o que vejo é um certo conformismo. É como se as experiências iniciais não tivessem dado resultado e os autores tivessem se convencido de que a internet é apenas um veículo pra se publicar seus textos”, avalia, apesar de ressaltar as experiências de Julia e também do escritor pernambucano Álvaro Filho.

A explicação desse conformismo, para ele, vem da neurociência. “Existem artigos que falam que o cérebro humano não consegue acompanhar tudo. Para eles, a narrativa é organização, depende da relação de causa e efeito. Quando se espalha uma história e não se define a ordem dos fatos, a gente acaba com dificuldade pra entender e logo desiste da leitura”, pondera.

Leia mais do Jornal do Commercio desta domingo (28/9).

TAGS
mapa Recife
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory