Dilma Rousseff lê trecho de romance de José Saramago

Em vídeo para a Fundação José Saramago, a ex-presidente destaca um pedaço do livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo
JC Online
Publicado em 01/03/2017 às 20:17
Em vídeo para a Fundação José Saramago, a ex-presidente destaca um pedaço do livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo Foto: Facebook/Reprodução


A ex-presidente do Brasil Dilma Rousseff aparece em um vídeo publicado nesta quarta (1/3) lendo um trecho de um livro do escritor português José Saramago. Dilma escolheu para a leitura o pedaço final de uma das obras-primas do Nobel da Literatura de Portugal: o romance O Evangelho Segundo Jesus Cristo.

O trecho final fala da morte de Jesus com o estilo inconfundível de Saramago, em uma prosa direta, sem a marcação das falas com aspas.

O Evangelho Segundo Jesus Cristo mostra um Jesus humanizado – e é justamente essa a força do romance e do personagem. O final do livro tem uma bela frase de Jesus para Deus, seu pai: “Nem eu posso fazer-te todas as perguntas, nem tu podes dar-me todas as respostas”.

Na legenda do vídeo, a Fundação José Saramago descreve Dilma Rousseff como a “última presidenta legítima do Brasil”. Dilma ainda termina o vídeo dizendo: "José (Saramago) é fundamental".

Veja o trecho de Saramago lido por Dilma Rousseff

"Jesus morre, morre, e já o vai deixando a vida, quando de súbito o céu por cima da sua cabeça se abre de par em par e Deus aparece, vestido como estivera na barca, e a sua voz ressoa por toda a terra, dizendo, Tu és o meu Filho muito amado, em ti pus toda a minha complacência. Então Jesus compreendeu que viera trazido ao engano como se leva o cordeiro ao sacrifício, que a sua vida fora traçada para morrer assim desde o princípio dos princípios, e, subindo-lhe à lembrança o rio de sangue e de sofrimento que do seu lado irá nascer e alagar toda a terra, clamou para o céu aberto onde Deus sorria, Homens, perdoai-lhe, porque ele não sabe o que fez. Depois, foi morrendo no meio de um sonho, estava em Nazaré e ouvia o pai dizer-lhe, encolhendo os ombros e sorrindo também, Nem eu posso fazer-te todas as perguntas, nem tu podes dar-me todas as respostas. Ainda havia nele um resto de vida quando sentiu que uma esponja embebida em água e vinagre lhe roçava os lábios, e então, olhando para baixo, deu por um homem que se afastava com um balde e uma cana ao ombro. Já não chegou a ver, posta no chão, a tigela negra para onde o seu sangue gotejava".

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