Paula Fernandes abre as páginas da vida em 'Pássaro de Fogo'

Aos 35 anos de idade, a mineira nascida como Paula Fernandes de Souza no interior de Sete Lagoas diz, com propriedade, que tem história para contar. A cantora sertaneja, que caiu na estrada com apenas nove anos, fazendo shows em rodeios, barzinhos, ganhando nada (ou quase nada) por suas apresentações, sonhou bastante com a música. E é essa trajetória em busca do sucesso, mas sem romantizações, que a artista resolveu expor no livro Pássaro de Fogo – Minha História (Companhia das Letras, 2018).

“Na verdade, já fazia algum tempo que pensava em escrever um livro que contasse minha história. Eu tinha o desejo de mostrar para as pessoas quem eu realmente sou. Minha mãe, que esteve do meu lado por toda a vida, me apoiando, e vendo o esforço e as lutas para alcançar meu sonho tinha um desejo ainda maior que o meu. Ela já colecionava fotos, recortes e histórias à espera desse momento de registrar numa biografia”, entrega Paula Fernandes em entrevista ao Jornal do Commercio.

A biografia de 176 páginas foi o resultado de dois anos de trabalho junto com a jornalista Sibelle Pedral, que já trabalhou como repórter da revista Veja e redatora-chefe da revista Claudia. “No início estava um pouco receosa, mas conforme foi acontecendo o processo ficou muito tranquilo. A Sibelle, coautora do livro, me deixou muito à vontade e traduziu muito fielmente os meus sentimentos e anseios com muita propriedade”, reforça a cantora.

Ganhando o mesmo título da música que lhe deu projeção nacional, Paula Fernandes quis que Pássaro de Fogo não fosse um livro que apenas relatasse as coisas positivas de sua vida. Afinal, o sonho de viver da música, que só se concretizou aos 24 anos, quando assinou com uma grande gravadora, teve um preço alto, na forma de uma depressão paralisante.

“As pessoas quando veem os artistas nos palcos, programas de televisão e fazendo sucesso tendem a pensar que a vida destes artistas está ganha, que é fácil, só glamour e a realidade não é essa. É um longo caminho até conseguirmos ser reconhecidos e fazer sucesso realmente e um desafio ainda maior se manter no patamar. Em Pássaro de Fogo eu quis mostrar a realidade, as dificuldades e dizer que não importa quão difícil seja realizar seu sonho, você pode conseguir, assim como eu”, explica Paula.

A depressão que a cantora hoje faz questão de expor, assim como para muitas pessoas, não foi algo fácil de viver na prática. “Acredito que as pessoas mais próximas podem ter percebido algo, mas até eu mesma demorei para entender o que acontecia. No começo eu só queria ficar bem, mas depois que fui melhorando o trabalho me motivava”, afirma a artista, que encontrou a cura, exatamente na música. “Com certeza (a música) foi minha cura e, claro, também o apoio de amigos e familiares. Principalmente da minha mãe, que sempre acreditou que eu podia ir além e me fez acreditar nisso também”, completa.

Ao reviver detalhes de sua vida para o livro, Paula Fernandes conta que o processo mexeu bastante com suas emoções. “Vários momentos me deixaram emocionada. Muita gente acha que tudo aconteceu muito rápido e fácil, mas não, passei por muitos obstáculos e quebrei muitas barreiras. Tive alguns momentos sombrios. Além da depressão, precisei tomar decisões difíceis desde criança, como sair da minha pequena cidade e tentar conquistar o País, além das dificuldades por ser mulher, por cantar sertanejo, um ritmo dominado pelos homens, mas isso nunca me desanimou”, garante.

Com Pássaro de Fogo agora nas livrarias, seria esse um passo para levar a sua história para as telas do cinema, por exemplo? “Já tive algumas reuniões sobre, mas vamos amadurecer a ideia. Por enquanto estou muito feliz com o resultado do livro”, desconversou a cantora.

ANO NOVO

Rodando o Brasil atualmente com a turnê Jeans, Paula Fernandes diz que teve um ano de 2018 bastante positivo e que 2019 pode ser ainda melhor. “Este ano promete muitas mudanças e surpresas para todos os meus fãs. Infelizmente não posso adiantar as novidades, mas prometo muita Paula Fernandes para vocês”, concluiu a mineirinha.