Para os que professam a fé rastafari, o palácio do Campo das Princesas é um lugar sagrado. Há 52 anos, ali esteve, e pernoitou, Ras Tafari, com a neta e uma comitiva de 25 pessoas. Ras Tafari Makkonen, ou Hailé Selassié foi imperador da Etiópia, de 1930, a 1974, quando foi destituído do poder, e assassinado pelos golpistas. Ele fez a primeira visita oficial ao Brasil, em dezembro de 1960. O avião do imperador pousou no aeroporto dos Guararapes no dai 12 de dezembro, e Hailé Selassié foi recebido pelo então governador Cid Sampaio. Ele passou a noite no palácio do governo, com uma forte segurança vigiando seus aposentos.
No dia 13, viajou para Brasília, onde o esperava o presidente Juscelino Kubitschek, em fim de mandato. A recém-inaugurada capital federal era ainda um canteiro de obras, não se tinha muito o que ser mostrado a um visitante ilustre. A programação de Selassié, foi uma visita ao Congresso Nacional,e ao STF, e um jantar no palácio da Alvorada. Durante o banquete, ele soube que acontecia um golpe militar na Etiópia. E resolveu voltar imediatamente ao seu país.
Teve problemas para sacar dólares no Citibank, pois os golpistas bloquearam suas contas. JK avalizou uma retirada de US$100 mil. Em um avião fretado da Panair do Brasil, Ras Tafari esteve mais uma vez no Recife, porém por pouco tempo. O suficiente para o avião abastecer.
Ele reverteu o quadro de golpe em apenas dois dias, com a morte dos oficiais golpistas, e um castigo exemplar no próprio filho Merede Azimach-Asfa Wessen Hailé Selassié, que apoiou os revoltosos. Ordenou que ele fosse chicoteado em praça pública.
O controverso Hailé Selassié, tornou-se, sem que nunca tivesse consentido, a presença terrena de Jah, adorado pelos rastafaris, tendo como Bob Marley como um de seus mais ardorosos fiéis. Um discurso seu virou letra de música do repertório do Rei do Reggae (War), que professava a volta de todos os rastas à África, mais precisamente, para a Etiópia.
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