Novas cantoras brasileiras fazem sucesso no território do hip-hop

Karol Conká, MC Flora Matos, Lurdez da Luz, Dryca Ryzzo subverteram o universo de temas masculinos, para começar. Também fizeram com que seus shows fossem uma porta de entrada para o público feminino no rap
AE
Publicado em 21/08/2012 às 11:45


Elas chegaram de mansinho e agora já tá tudo dominado. Fazem shows lotados, têm público fiel que sabe cantar todas suas letras e vão ocupando seus lugares de destaque nas capas de revistas.

Karol Conká, MC Flora Matos, Lurdez da Luz, Dryca Ryzzo. As meninas do hip-hop nacional subverteram o universo de temas masculinos, para começar. Também fizeram com que seus shows fossem uma porta de entrada para o público feminino no rap. "Antes, era raro. Agora, só dá menina", diz a paulistana Dryca Ryzzo, que está lançando seu primeiro disco, batizado com seu nome - produzido por Dehco Wanlu (Jigaboo) e masterizado no Sterling Sound de Nova York por Jay Franco.

São muito jovens, mas já têm estrada. A curitibana Karoline dos Santos de Oliveira, que sonhava em ser Lauryn Hill um dia, virou a Karol Conká, e faz rima desde os 17 anos (tem 26 agora). Sua agenda de shows (sempre cheios, difícil até de arrumar ingresso) passa pelo Brasil todo, de Salvador a Limeira, de balada gay em Vitória da Conquista ao Amapá.

"O rap tinha problema de aparecer na TV, na mídia. A nova escola não tem tanto esse problema. Eu acredito que quem não é visto não é lembrado", diz Karol, que foi atração do recente The Creators Project, em São Paulo.

Um grande sinal de que a mudança tinha vindo para ficar foi durante a Virada Cultural, em junho. No palco da República, as meninas Flora Matos e Lurdez da Luz conseguiram arrebanhar cerca de 5 mil fãs para vê-las em uma manhã muito quente. Detalhe: a maioria era de garotas.

Lurdez e Flora (abusando do seu slogan "Máximo Respeito", que invoca Aretha Franklin) inverteram o axioma do hip-hop, de que a rima é coisa dura e de macho, e arredondaram o ritmo com versos mais macios, danças mais sensuais e impregnadas dos dramas femininos mais cotidianos. Enxertaram curvas onde só havia verso pontiagudo.

Suas canções contemplam a desilusão amorosa, o ciúme, a apatia masculina, a falta de carinho. Sua atitude é desafiadora, elas mostram que são do tipo que toma a iniciativa. "Fica só pra esperar o sol", cantava Flora Matos, de gorro de esquiadora e coturno. Ela é, aos 21 anos, a maior estrela do rap nacional no momento. Suas canções parecem conhecidas em todas as classes sociais, conclamando uma espécie de trégua social e multicultural. "Pretim, desse jeito você me deixa louca." Não há menina que não dance essa.

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