Elza Soares emociona público no Janeiro de Grandes Espetáculos

A cantora carioca contou histórias, repassou sua carreira e mostrou que sua voz continua como uma das mais fortes do Brasil
Do JC Online
Publicado em 19/01/2015 às 12:26


Elza Soares, a cantora que veio direto do planeta fome para assombrar o Brasil com sua voz única, já tem 77 anos e se operou recentemente, colocando 17 pinos na coluna. A idade e a saúde, no entanto, parecem não afetar em nada aquilo que fez dela uma estrela quase instantânea após a famosa apresentação no programa de calouros de Ary Barroso, em 1953, uma história que ela tanto gosta de cantar. Mesmo sentada durante a maior parte do show, Elza mostrou que continua sendo a voz inigualável e carregada de força no show que fez na sexta, no Teatro de Santa Isabel, dentro da programação do Janeiro de Grandes Espetáculos.

A cantora carioca foi a principal atração do primeiro final de semana de evento. Trouxe à cidade uma versão especial do show A carne, já com uma prévia do seu próximo DVD, uma homenagem a Lupicínio Rodrigues (“Vai ser um escândalo”), e músicas relacionadas à capital pernambucana. Para abrir o show, começou com a letra irredutível de Opinião, bem acompanhada do maestro Eduardo Neves e de Ricardo Braga (bateria), Jefferson Cupertino (contrabaixo), Ítalo Sales (guitarra) e Fábio Valois (piano).

A apresentação contou com sucessos como Volta por cima, Espumas ao vento e Lata d’água, além de A carne, canção marcante do álbum do Cóccix ao pescoço, de 2002. Como sempre, parou diversas vezes para contar histórias: lembrou o quão bonito era Tom Jobim quando novo (“Você olhava para Tom e tinha que tomar dois banhos antes de dormir”, brincou) e falou de quando precisou esconder o paradeiro de João Gilberto, por exemplo. Ainda se emocionou ao lembrar de Antonio Maria (“um gênio”) e do tempo em que morou no Recife com o filho Garrinchinha e abriu a gravadora e casa de shows Mistura Fina. “Eu tenho um pedaço dessa terra em mim”, confessou.

O momento mais emocionante foi a performance a capela de Meu guri, composição de Chico Buarque. Elza encarnou a música como poucas cantoras ou cantores podem fazer – chegou a embargar a voz, de emoção. Durante o show, ela ainda falou de racismo, declarou que continua com sua luta contra a homofobia e contra o machismo. Ouviu gritos de “diva” e de “maravilhosa” e recebeu duas vezes flores e selinhos de fãs. Foi uma noite inesquecível, repetida no sábado também, mas com um grande porém: o ar-condicionado do teatro estava desligado e foi alvo de manifestações do público, que precisou se abanar para aguentar o calor.

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