Smashing Pumpkins foi melhor rock do domingo do Lollapalooza

Banda apresentou-se pela quarta vez no Brasil e misturou hits antigos com músicas do novo álbum
Marco Aurélio Canônico
Publicado em 30/03/2015 às 10:33
Banda apresentou-se pela quarta vez no Brasil e misturou hits antigos com músicas do novo álbum Foto: Bis/Divulgação



SÃO PAULO - Trazendo na bagagem seu melhor disco em décadas e os sucessos da fase áurea de sua banda, Billy Corgan, 48, mostrou na noite deste domingo (29), que a quarta passagem do Smashing Pumpkins pelo Brasil foi a melhor desde a primeira vinda do grupo, em 1996. Enquanto no palco principal do Lollapalooza o "hitmaker" Pharrell Williams fazia sua festa "happy", no palco ao lado o Smashing Pumpkins deu opção aos que preferiam um clima mais sombrio e pesado -de resto, casando bem com a garoa incessante que caiu durante a noite.

Corgan abriu o show com uma sequência de sucessos em ordem cronológica para tirar os fãs do sério: "Cherub Rock", um dos hits do álbum que tornou a banda famosa ("Siamese Dream", 1993), "Tonight, Tonight", um dos hits do álbum que é considerado a obra-prima do Smashing Pumpkins ("Mellon Collie and the Infinite Sadness", 1995), e "Ava Adore", o maior hit do último álbum antes da formação original implodir por completo ("Adore", 1998).

O roteiro do show dosou os velhos sucessos com a produção mais recente, principalmente de seu último lançamento, "Monuments to an Elegy" (2014).

A formação atual do Smashing Pumpkins tem membros de outras bandas badaladas, como o baixista Mark Stoermer (do The Killers) e o baterista Brad Wilk (do Rage Against the Machine), além do guitarrista Jeff Schroeder. São músicos competentes, mas que passam a impressão de que estão ali apenas pelo salário –frios e sem maior interação com o dono da banda e do show.


Em compensação, o geralmente lacônico Corgan se mostrou surpreendentemente interativo com o público: agradeceu mais de uma vez ("senhoras e senhores, estou muito feliz de estarmos juntos nesta noite") e lembrou que o dia era de aniversário do criador do Lollapalooza, Perry Farrell, do Jane's Addiction.


"Vocês perderam meu aniversário, foi na semana passada. Acabei de fazer 28, estou bem para alguém com 28, não?", disse, com bom humor -o mesmo que usou para apresentar a banda, quando notou a boa recepção do público ao baterista Brad Wilk e tocou os acordes de "Killing in the Name", do Rage Against the Machine.

Também teve seu momento fofo antes de tocar a balada "Disarm", que levou alguns fãs às lágrimas, registradas no telão.

"Alguns dias atrás perdi minha gata, eu estava aqui na América do Sul quando ela morreu, não pude estar com ela. Mas queria dizer que eu agradeço a oportunidade de estar aqui, de tocar estas músicas para vocês."

Pode-se criticar a maneira displicente como Corgan cantou alguns dos hits ("1979", por exemplo) e a já citada falta de interação entre os músicos.

Mas isso não estragou um show cheio de momentos memoráveis, o último deles na sequência de pedradas que encerrou o show: "United States" (com direito a trecho do hino americano e citação de Jimi Hendrix) e "Bullet with Butterfly Wings", esta responsável pela grande catarse da audiência.


Corgan voltaria ao palco sozinho, com um violão, para um bis com "Today", cantada em coro pelos fãs. Ficou faltando ao menos mais uma música para fechar, "Zero", pedida em coro pelos fãs (e executada na Argentina -aliás, 2 x 0 pro Lolla hermano, que também teve Jack White tocando com Robert Plant).

Mas, falhas e faltas à parte, Corgan certamente fez o público "happy" à sua maneira.

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