Os fãs chegaram ao Rock in Rio com bolsos abarrotados de dólares. Mas, em vez de políticos brancos caquéticos, as cédulas traziam a imagem de uma cantora de Barbados, ex-colônia inglesa no Caribe.
Jogaram as notas para o alto quando Robyn Rihanna Fenty, ou simplesmente Rihanna, finalizou um show curto (pouco mais de uma hora), em que tocou versões reduzidas das músicas, com seu hit mais recente: "Bitch Better Have My Money" - em português, algo como "Vaca, melhor ter a minha grana".
Qual o valor dessa caribenha para a música pop? Sua apresentação no Rock in Rio, o último deste sábado (26), mostrou que sua cotação multiplicou que nem dólar desde 2011, última passagem pela cidade.
Impressionada com a plateia cantando suas músicas, soltou uma sucessão de "oh shit" ("caramba" seria uma tradução comportada). A empolgação rendeu falatório nas redes sociais, em comentários como "a cada dez palavras de Rihanna, 34 são 'shit'" e "'shit' pra Rihanna é tipo 'cara' pro Dinho Ouro Preto".
A cantora atrasou 45 minutos para entrar em ação. Lucro, perto das 2h de demora na edição de 2011.
Já passava da meia-noite, horário marcado para seu show, quando postou numa rede social um vídeo de bastidores, com figuração de Angélica e Luciano Huck. À 0h45, sirenes vermelhas anunciaram a chegada de Rihanna ao palco Mundo.
Ela surgiu envolta em fumaça e iluminação vermelha. O casacão e a calça folgada amarelos, no melhor estilo rapper dos anos 1990, contrastavam com a blusa azul colada. Pulseiras, anéis e colar de brilhantes completavam o visual. E visual é tudo para uma estrela do pop, o que Rihanna sem dúvida é.
Não é para levar a mal. Ela flerta com o rock mesmo em poperôs como "We Found Love", sobre "encontrar um amor num lugar sem esperança". "Man Down" se esbalda no reggae de Bob Marley.
E sua atitude é mais "vida loka" que colegas do gênero. É claro que, comparada a ela, a rebeldia de uma Miley Cyrus da vida soa tão genuína quanto bacon de soja.
Rihanna parece o tipo de garota que sempre gostou de encrencas, e não uma ex-estrela da Disney que começou ontem o curso "Como Ser uma Bad Girl".
Em suas redes sociais, posa de "sommelier" de baseados. E tem os clipes polêmicos, claro.
Em 2009, apanhou do então namorado Chris Brown. Dois anos depois, lançou um clipe em que atira num parceiro fictício que teria abusado dela. ("Man Down", na verdade, foi escrita por dois irmãos como uma resposta feminina a "I Shot the Sheriff", de Bob Marley.)
O vídeo de "S&M" (acrônimo para sadomasoquismo) tem cenas de gente amarrada e chicoteada. Foi banido em mais de dez países. O de "Bitch Better Have My Money" traz uma gangue liderada por Rihanna que sequestra e tortura uma dondoca. A lista continua.
Rihanna foi mais espontânea no palco do que outros cantores pop bem ensaiados. Quando um fã joga algo em sua direção, manda um olhar de poucos amigos e avisa: "Não ataque nada em mim".
Revela ainda um lado "Rihanna Ostentação", em músicas como "Pour it Up", na qual cita clubes de striptease e canta: "Tudo o que vejo são sinais, tudo o que eu vejo são sinais em dólares".
Mas, no fim das contas, um acervo poderoso de hits -da agitada "Please Don't Stop the Music" à balada "Unfaithful" - garante um espetáculo na medida para agradar seu público.
Ela deixa o palco à 2h15, dando pulinhos enquanto corre com a bandeira do Brasil. Promete voltar o quanto antes para o Rio. Os fãs, animados, parecem dispostos a pagar para ver e rever Rihanna. Bitch, better have her money.