David Bowie, além de músico visionário, também causou sensação em Wall Street ao se tornar em 1997 o primeiro cantor a transformar seus direitos autorais em um investimento financeiro muito especial, os títulos.
Algumas semanas depois de ter comemorado seus 50 anos no Madison Square Garden, em Nova York, com Lou Reed, Billy Corgan (Smashing Pumpkins) e Brian Molko (Placebo), o astro do rock lançou títulos garantidos por sua música.
Os "Bowie Bonds", que tinham uma taxa de juros de 7,9% a dez anos, permitiram que o artista britânico ganhasse de imediato 55 milhões de dólares.
Como garantia, estavam seus direitos autorais de 25 de seus álbuns lançados antes de 1990, como "Let's dance" e "Hunky Dory".
Este mecanismo de transformar créditos e receitas regulares em títulos que podem ser comprados e vendidos por investidores era até então aplicado aos créditos de automóveis ou às hipotecas, mas um artista nunca tinha tido a ideia de vender ou trocar "royalties" dessa forma.
A operação foi possível porque Bowie, diferentemente de muitos artistas de rock, possuía os direitos de toda a sua obra.
Outros cantores como James Brown e Rod Steward, assim como o grupo de heavy metal Iron Maiden, usaram depois esse mesmo mecanismo.
Bowie, que também era um notável homem de negócios, chegou a um acordo em 1997 com a empresa britânica de discos EMI, pelo qual foram adiantados 30 milhões de dólares de seus futuros royalties em troca da exclusividade dos direitos de distribuição em todo o mundo do catálogo que abrange sua obra entre 1969 e 1990.
Adepto das tecnologias de vanguarda, o cantor se transformaria anos mais tarde, em 1999, em um dos primeiros artistas a propor disponibilizar on-line seu álbum "Hours".