Difícil acreditar que, até pouco tempo atrás, eles mal podiam se encontrar. O tempo de rivalidade ficou mesmo para trás: nesta segunda-feira de Carnaval, Nazaré da Mata, epicentro da cultura popular da Mata Norte de Pernambuco, foi tomada pelas cores e sons hipnóticos dos maracatus rurais. Às 8h da manhã, para um público de locais e muitos visitantes, o cortejo dos caboclos diante dos outros brincantes começou a marchar do Parque dos Lanceiros, às margens da estrada que dá acesso ao município, até o centro da cidade. Foram 35 agremiações.
Aliás, não apenas caboclos, mas também caboclas. Diante da Catedral de Nazaré, praça central da cidade, os chocalhos do maracatu Coração Nazareno começaram a ser ouvidos. Fundado em 2004 pela Associação das Mulheres de Nazaré da Mata (Amunam), a agremiação surgiu com o propósito deliberadamente feminista de acabar com o predomínio masculino no maracatu. Com integrantes dos 8 aos 80 anos de idade, o maracatu é formado exclusivamente por mulheres. Setenta, ao todo. “Ainda existe muito preconceito em relação às mulheres nos maracatus, mas estamos conquistando nosso espaço”, disse a professora e mestra do maracatu Cristiane Mota.