Djavan no show do seu disco mais autobiográfico

Turnê de Vidas pra Contar está ha dois anos estrada
JOSÉ TELES
Publicado em 20/05/2017 às 9:37
Turnê de Vidas pra Contar está ha dois anos estrada Foto: foto: Divulgação


Dois meses depois de abrir a turnê do disco Vidas pra Contar, em 29 de abril, de 2016, Djavan apresentou-­se no então Chevrolet Hall, com abertura de Alex Cohen. Pouco mais de um ano depois, ele retorna ao mesmo palco. Apresenta-­se hoje no, agora, Classic Hall, preparando-­se para encerrar a turnê, dia 1º de julho, no Rio de Janeiro.

 A banda que o acompanha é formada por Carlos Bala (bateria), Jessé Sadoc (flügelhorn, trompete e vocal), Marcelo Mariano (baixo e vocal), Marcelo Martins (flauta, saxofone e vocal), Paulo Calasans (teclados e piano) e João Castilho (guitarras, violões e vocal). Foram dois anos de estrada, durante os quais ele encarou plateias no Brasil e no exterior, rebateu boatos, as tais fake news, na internet, sobre sua saúde, de uma fantasiosa inspiração para Flor de Lis, seu primeiro hit, de inicio de carreira:

 " A turnê foi um êxito, estou contente com ela, mas já naquela fase, comichando, digamos assim, pra compor, pra fazer um novo disco, entrar em estúdio em setembro, no máximo em outubro", diz Djavan, em entrevista por telefone. É uma oportunidade de rever o show que, ao contrário do que se espera, e o que geralmente acontece em turnês, não terá registro em vídeo ou CD ao vivo:

 "Este show foi tão filmado, tão exposto na internet, por fãs, etc., que achei que não fazia muito sentido fazer o DVD, até porque pra fazer você gasta uma fortuna e já não vende mais. Tudo as pessoas conseguem baixar de graça. É um tipo de investimento que não faz mais sentido, assim como o próprio disco. Mas vou fazer mais um disco, porém sabendo que o retorno não acontece, você não consegue vender disco, hoje em dia, capaz de reaver o recurso investido. Fico cinco, seis meses em estúdio fazendo um CD, gasto muito. Porém vou fazer, porque a minha preocupação é outra, não é o mercado. Minha preocupação é que estou construindo uma obra, quero me manter focado nisto, fazer mais um disco, com dez, doze músicas, não posso abrir mão disso".

 É de se imaginar o artista aproveite o tempo que passa no hotel para compor, burilar novas canções. Ao longo de dois anos, como é o caso da duração desta turnê de Djavan, ele deveria estar com composições suficientes para mais de um disco de inéditas. Não é o caso:

 "Na turnê é quase inviável para composição. Estou em outro foco, viagem, aeroporto, muito palco, luz, muita gente. Sem a introspecção que gente necessita para compor é quase que inviável. A não ser que tenha uma encomenda de alguém, paro ali, e faço, mas não tenho muita vontade de compor nesta fase. Agora, vou fazendo algumas poesias ali, pequenas coisas, senão uma música inteira, mas uma ideia. Porque uma ideia concebida é como se fosse uma música pronta. Assim que termina a turnê, eu sento num canto, começo a compor e a coisa vai".

 SEM DESCANSO

 Djavan tampouco dedica ao ócio tempo de que dispõe até ir para o palco. É do tipo que descansa carregando pedra: "Tenho uma carreira que me absorve muito, uma carreira internacional. Fico resolvendo problemas da carreira, passo muito tempo no telefone, no celular. Tenho que dizer sim ou não pra quase tudo. Quando estou em casa durante a semana, não paro de trabalhar. Tenho um escritório muito ativo, que resolve as coisa pra mim, mas não sem a minha aquiescência", explica. Além da carreira, existem mais demandas para preencher o tempo: " Outra coisa que acontece, num volume cada vez maior, são solicitações para eu participar de eventos, gravar com outros artistas, ou artistas gravarem minha música. Pra tudo você tem que ter um critério pra dar essas respostas. Não pode dizer simplesmente não, ou sim. Tem que avaliar, tem que ver como é que é, se é necessário, se é producente, se é bom, se é ruim. É um volume enorme de solicitação, de coisas, graças a Deus, mas dá muito trabalho".

 Um tempo que poderia ocupar, por exemplo, escrevendo suas memórias. Com 42 anos de carreira, contados a partir do single inaugural, na Som Livre, com Fato Consumado, curiosamente, ele é um dos poucos nomes consagrados da MPB que não tem a biografia contada em livro (pelo menos uma biografia de fôlego): "Não quero gastar meu tempo com isso. Se alguém escrever uma, será a minha revelia. Eu tenho muito mais coisa pra fazer, ou me preocupar", diz Djavan.

 SHOW

 O repertório de Vidas pra Contar não é exatamente o mesmo que mostrado aqui no começo da turnê, porque Djavan e a banda ensaiaram mais canções do 22 ou 23 que formam o set­list. Dependendo do público, do momento, pode­-se fazer reposição de peças na engrenagem do show: "Vamos fazendo pequenas modificações, mas é muito raro, por exemplo, acontecer de incluir uma música inédita pra testar. Se faço isso no dia seguinte ela está pelo Brasil, no mundo todo. Alguém posta na internet e viraliza. Assim você acaba priorizando músicas novas apenas para o disco".

 Mesmo sem ter tocado tanto no rádio, feito acontecia em outras época, Djavan acha que, pela exposição que teve Vidas pra Contar, dois anos nos palcos, com músicas tocando no rádio e TV, o álbum acrescentará títulos ao seu repertório de shows: "Pelo menos sete músicas apareceram bastante, na mídia, TV rádio, acredito que devem permanecer em próximos repertórios de show".

 Show Vidas pra Contar, com Djavan e banda , 22h. Hoje, no Classic Hall (os portões abrem às 21h), Av. Agamenon Magalhães s/n, ingressos a partir de R$ 70. Fone: 34277501

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