Quando anunciou a programação do Festival Rec-Beat deste ano, o produtor Antonio Gutierrez, conhecido como Gutie, destacou a realização de um desejo antigo: contemplar a cena do brega recifense. Nesta sábado (10), na abertura da programação, o grande destaque é o MC Tocha, que fecha a noite. Além dele, o Rec-Beat abre o palco para o rap pernambucano – e original – de Diomedes Chinaski e Luiz Lins, o cantor cearense Daniel Peixoto e a cantora capixaba Ana Muller. Os shows, sempre no Cais da Alfândega, começam às 21h, mas a partir das 19h30 o DJ Ipek (Alemanha/Turquia) comanda as pick-ups.
MC Tocha, ao lado de nomes como MC Troia, Sheldon e Dadá Boladão, são parte do cenário do brega que abraçou a influência das batidas do arrocha e do funk carioca. Seus hits como Paralisou, Loucas Histórias e 1 2 3 4 5 já envolvem o público das festas recifenses há um bom tempo. Aliás, como o Rec-Beat tem investido nos ritmos frenéticos de grupos como os baianos do ÀTTØØXXÁ e paraenses da Gang do Eletro, nada mais justo do que abrir espaço para o brega.
“A importância desse show no Rec-Beat é total, porque é a primeira vez. Vou poder mostrar pra uma galera nova como é o meu ritmo”, comenta Emerson da Silva Ferreira, ou simplesmente, Tocha. “A ideia é mostra ali pra que o brega veio, como a gente tem lutado pelo som.”
O setlist, diz, vai trazer os grandes sucessos, numa versão aprimorada, mais pensada para o Rec-Beat. Tocha é capaz de juntar traços de pagode, arrocha, brega e até música eletrônica em Enlouqueço. O cantor, no entanto, não vai receber convidados. “O que não vai faltar são as músicas que sempre tocam no Carnaval”, avisa.
Pagodeiro de coração, ele tem prestado atenção mais recentemente em nomes do funk e do arrocha nacional, como Anitta, Ludmilla e ÀTTØØXXÁ. “Gosto de experimentar, tentar novos ritmos, tô ouvindo essa produção eletrônica mais bem feita”, comenta. Aliás, é com o grupo baiano que anuncia que vai lançar uma nova música depois do Carnaval. “Vai ter essa pegada mais Rec-Beat”, garante Tocha.
O Rec-Beat ainda reconhece na programação de hoje o bom momento da nova geração do rap pernambucano. Diomedes Chinaski e Luiz Lins lançaram em janeiro, com produção de Mazili, a mixtape Young Baby. Agora, sobem no palco com o trabalho em trio e produções individuais.
“O show é uma mostra da força do rap local, que vem conquistando cada vez mais reconhecimento não apenas do público de dentro como também de fora do Estado. Esse processo de conquista de visibilidade começou bem antes de nós graças à atuação de nomes como os grupos Faces do Subúrbio e Sistema X. A nossa geração pegou essa herança e se reinventou. A gente teve a internet como uma ferramenta importante, que quebra fronteiras e leva nosso trabalho para mais longe, nos dá mais poder de fala e isso também foi importante para nós colocar onde estamos que ainda é muito pouco diante do que queremos”, comenta Diomedes.
Para o show, Diomedes e Luiz vão receber dois convidados: Negrita MC e o poeta Miró da Muribeca. “Nossa história se construiu na cena independente e estar num festival como o Rec-Beat é uma mostra de que estamos no caminho certo que é um caminho construído dia a dia. O público vai ver um show em que o rap dialoga com várias vertentes como o brega e o trap em um formato novo, com banda”, avisa Diomedes.
Mazili adianta os planos do trio e da sua gravadora, PESQUAD. “A gente tem feito muita música, produzimos no Rio de Janeiro a Young Baby 2. Estamos preparando o primeiro CD de Luiz e ainda esse ano vão sair dois trabalhos de Diomedes. Por fim, vou fazer uma mixtape da PESQUAD”, anuncia, ressaltando o vigor e a produtividade do rap pernambucano.