A plataforma de música on-line Spotify anunciou nesta sexta-feira (1) que renuncia à polêmica política colocada em prática em maio que tinha como objetivo sancionar os artistas com comportamentos "prejudiciais ou de ódio".
O Spotify publicou uma carta no início de maio na qual declarava se reservar o direito de suprimir de sua plataforma os conteúdos que considerasse ofensivos, e que não promoveria artistas cujo comportamento fosse considerado "prejudicial ou de ódio".
Depois da publicação dessa carta, a empresa anunciou que não promoveria as canções de R. Kelly, acusado por várias mulheres de abuso sexual, embora nunca tenha sido condenado por esses feitos.
Outros artistas menos conhecidos tiveram o mesmo destino: permaneciam disponíveis no Spotify, mas não estavam nas listas de reproduções oficiais, e tampouco faziam parte dos algoritmos que propostos aos 174 milhões de usuários da plataforma.
Muitos criticaram a forma de escolha do Spotify, já que vários artistas condenados criminalmente não foram sancionados.
Inclusive o presidente executivo do Spotify, Daniel Ek, admitiu na quarta-feira que a plataforma se equivocou ao aplicar a nova política e disse que podiam ter feito muito melhor.
A plataforma reconhece em sua carta que a linguagem então usada "foi imprecisa e deixava aberto a interpretações".
"Nos preocupa que as acusações possam afetar as possibilidades de um artista de ser escolhido em uma lista de reprodução do Spotify, ou que influenciem negativamente em seu futuro", explicou a plataforma.
"Alguns artistas estão preocupados que os erros cometidos durante a juventude possam agora ser usados contra eles", argumentou a empresa.
"O Spotify não é isso", continuou a empresa. "Nós não queremos brincar de juízes ou júri".
Perguntados pela AFP sobre a suspensão das sanções contra vários artistas, incluindo R. Kelly, o Spotify não deu sua versão imediatamente.
A política de sanções da plataforma agora focará apenas em conteúdo musical com "discurso de ódio", e se reservará a possibilidade de retirá-las.
O Spotify excluiu em agosto de 2017 cerca de 20 grupos descritos como "odiosos", ligados a movimentos supremacistas brancos e neonazistas.