A biografia musical, autorizada, de Milton Nascimento

Do garoto precoce a um dos preferidos dos grandes do jazz
JOSÉ TELES
Publicado em 31/10/2013 às 6:20
Do garoto precoce a um dos preferidos dos grandes do jazz Foto: Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem


“O Naná foi o seguinte, chegou aqui no rio, o pessoal do Nordeste, e fui passar no teatro em que eles estavam ensaiando, só pra olhar. Sentei lá no fundo. de Repente vem vindo um cara, entrou na minha fila e falou: Meu nome é Naná Vasconcelos e eu vim do Recife pra tocar com você. E começou a morar na minha casa. Muito bom, Naná. Fantástico. É um cara que não é só o lance berimbau, essas coisa todas, não. É a cabeça, muito forte. Juntou comigo, e tudo a gente fazia juntos. E uma coisa que a gente não tinha ouvido, Nem nós, talvez”. A revelação é feita pelo cantor em entrevista do DVD que acompanha A música de Milton Nascimento, do mineiro Chico Amaral, que lança o livro hoje, na Livraria Saraiva, no Shopping Riomar, no Pina, a partir das 19h30. 

Em meio à discussão polêmica, e bizantina, de alguém ter ou não direito a escrever sobre a vida de determinado artista, Chico Amaral produziu uma história da música de Milton Nascimento, o que realmente importa no cantor e compositor carioca (criado em Minas), afinal foi por sua obra que se tornou famoso, não pelo que fez fora dos palcos ou do estúdio. E se há um compositor de MPB que merece uma biografia, antes de tudo, musical é Milton Nascimento, ratifica o prefaciador do livro, o jornalista Tárik de Souza: “Em sua eloquente circunavegação em torno da matéria etérea, quase impalpável e ao mesmo tempo tão profunda e densa, A música de Milton Nascimento, Chico Amaral faz questão de desbravar mares nunca dantes navegados - e inclusive os do imponderável”.

O guitarrista Wilson Lopes (há vinte anos na banda de Milton Nascimento) escancara sua perplexidade diante do indecifrável, e não descarta a possibilidade desta música ter vindo de outros planetas: “A questão em relação ao Milton é a seguinte: como é que ele consegue fazer aquelas músicas sem ter cursado a academia. Já perguntei pra ele, e ele fala que não estudou música direito. É tudo muito avançado, muito bem resolvido, como se ele fosse um estudioso de composição. Sobram duas hipóteses, falando sério;ou ele aprendeu em outra vida, ou tem alguma ligação extraterrestre”. Lopes, por sinal, criou a ensina, na UFMG, a matéria , que leva o nome deste livro: A música de Milton Nascimento.

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