A história da biografia proibida de Roberto Carlos

A queda de braço entre o fã e o ídolo terminou na justiça
JOSÉ TELES
Publicado em 02/06/2014 às 8:35


“Você errou a data do meu casamento com Maria Rita. Mais adiante ele fez novamente essa acusação. Para o artista, aquele erro parecia imperdoável. Foi o único erro factual do livro apontado nos dois processos”. Este é um dos trechos mais importantes de O réu e o Rei - minha história com Roberto Carlos, em detalhes, de Paulo César de Araújo (Companhia das Letras, 519 páginas, R# 37,90). Ele é autor da biografia Roberto Carlos em detalhes (Editora Planeta), que o cantor conseguiu que a justiça proibisse, no mais polêmico caso de censura desde o fim da ditadura. O réu e o rei é exatamente a historia do quiproquo entre o fã e o ídolo, iniciada quando Paulo César de Araújo e Roberto Carlos se encontraram, em São Paulo, numa sexta-feira, 27 de abril de 2007.

“Eram 13h40 quando eu e Roberto Carlos entramos na sala 1.299 do Complexo Judiciário Ministro Mário Gumarães, 20ª Vara do Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste da cidade. Pela primeira vez ficaríamos frente a frente desde que ele movera dois processos contra mim na Justiça: um na área cível, outro na criminal”. Nos processos movidos contra o réu, o professore Paulo César, seu fã desde tenra infância, o Rei pedia a imediata proibição do livro, e uam indenizaão em dinheiro (de R$ 500 mil), e a condenação a uma pena que poderia ultrapassar dois anos de prisão. 

Paulo César de Araújo escreve bem, e é bom observador. Ele detalha em minúcias o reecontro constrangedor com Roberto Carlos: “O juiz mandou então fechar a porta d sala e deu início à audiência. E ali, pelas cinco hoas seguintes, seria reduzido a pó um trabalho de 15 anos de psquisa. Todo esse tempo de investimento, de madrugada acordado diante de um monitor, diante de livros e escritors, recortes e jornais e revistas, ouvindo e trasncrevendo inumeras fitas cassetes, escrevendo, tudo foi pro água abaixo naquela sala”, conta o autor na introdução do seu novo livro. Basicamente, ele conta a tentativa de um fã em agradar ao ídolo, e conseguir dele uma entrevista que iria coroar toda uma vida de dedicação a Roberto Carlos, pontuada pelos lançamentos anuais de LPs e CDs, e por determinadas canções.

Assim como no banido Roberto em detalhes, boa parte das mais de 500 páginas de O réu e o rei é dispensável, redundante. O capítulo O fã e o ídolo é dedicado a biografia do fã, e à cronologia da obra do ídolo, que defende contra os críticos que o condenam, sobretudo pelo conformismo e ausência de ousadia na obra do cantor a partir dos anos 70. Ele inclusive repete histórias contadas na biografia, como sua frustração em não poder assistir a um show do cantor em Vitória da Conquista (BA), quando era criança. O crítico Tárik de Souza, citado quase tantas vezes quanto o ídolo pelas estocadas que desfere em RC a cada novo disco: “Tárik, porém, fazia isso praticametne todo ano e em órgãos de imprensa muito influentes, toranndo-se assim o principal opositor de Roberto Carlos na mídia. Era Tárik de Souza contra a opinião do povo de um país”, advoga a favor do cantor, que vai até a página 108 dderramando-se em elogios à obra do Rei.

O que os detalhes de Roberto Carlos em detalhes tem de mais interessante, é a busca incessante, e inglória, de Paulo Cesar para conseguir uma entrevista com RC (leia matéria completa na edição impressa de hoje do Jornal do Commercio)

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