Pernambucanos levam prêmios da APCA

Entre os premiados, Newton Moreno ganhou, mais uma vez, como dramaturgo
Bruno Albertim
Publicado em 02/12/2014 às 19:09
Entre os premiados, Newton Moreno ganhou, mais uma vez, como dramaturgo Foto: Márcia Mendes/JC IMAGEM


Pernambucanos ocuparam com destaque a lista de agraciados com os prêmios da Associação Paulista dos Críticos de Arte. Mais prestigioso evento da crítica brasileira, a premiação teve o resultado da edição de 2014 anunciado na segunda à noite: cinco dos premiados são profissionais de origem pernambucana. Entre eles, está um veterano do APCA: com a dramaturgia de O Grande Circo Místico, Newton Moreno levou seu terceiro título. Dono de alguns Shell, o autor e diretor já acumulava elogios da crítica paulistana por Memória da cana e Agreste.
    "Foi um belo desafio escrever textos para conviver com a poesia das músicas de Chico e Edu, aprender com os mestres”, disse Moreno, ontem, na pausa de uma reunião – ele está construindo um espetáculo em parceria com Andrea Beltrão e outras atrizes no Rio.
    Em parceria com Alessandro Toller, Moreno coseu dramaturgicamente as canções originais de Chico Buarque e Edu Lobo para o espetáculo criado em 1982 para o Balé Teatro Guaíra a partir do poema homônimo de Jorge de Lima (1938). A peça trata do amor entre uma acrobata e um aristocrata. Parte do patrimônio afetivo cênico brasileiro, o misto de balé, ópera e teatro foi visto por mais de 200 mil pessoas durantes os dois anos de sua estreia. Voltou, agora, pela efeméride dos 70 anos de Buarque. “Nos inspiramos no poema para escrever a fábula”, diz Moreno. “Espero muito que o Recife possa ver o espetáculo”. Não está certa a vinda para a capital.
    A exposição de Paulo Bruscky com 50 trabalhos do artista desde os anos 60, apresentados no Museu de Arte Moderna, levou um dos prêmios dedicados às Artes Plásticas.
    Em televisão, Amores roubados, minissérie exibida pela TV Globo, foi a grande vencedora. Entre os quatros prêmios abocanhados, estão as atuações de Cássia Kiss Magro e do pernambucano Irandhir Santos. A atração também ganhou o prêmio de melhor teledramaturgia. Na equipe de roteiristas, atuou George Moura, outro pernambucano.
Onipresente, Irandhir faturou ainda o prêmio de Melhor ator de novelas pela atuação em Meu pedacinho de chão.
Em cinema, o algo polêmico Praia do futuro, de Karim Aïnouz, levou o melhor longa. Fernando Coimbra. de O Lobo atrás da porta faturou o Melhor roteiro.
Em literatura, a Companhia das Letras saiu como principal vencedora,  concentrando cinco prêmos em oito categorias. Levou a categoria de romance, com o recém-lançado O irmão alemão, de Chico Buarque – aclamado em tempo recorde – e ainda as honrarias para poesia Mesmo sem dinheiro comprei um esqueite novo, de Paulo Scott), contos O homem-mulher de Sérgio Sant’Anna), e biografia Getúlio: 1945 - 1954, de Lira Neto).Uma das controvérsias está na categoria de tradução: o livro Graça infinita(Cia das Letras), aguardado romance do americano David Foster Wallace, venceu o prêmio, mesmo só tendo sido distribuído oficialmente para as livrarias na última quarta. Além de ter sido premiado em tempo recorde, o volume, traduzido por Caetano W. Gallindo, tem mais de 1,1 mil páginas – é difícil imaginar que os jurados tenham tido tempo para analisar o trabalho.

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