Apresentações de afoxé, coco, maracatu, reggae, rap, entre outros ritmos com um pé na África conferem ares de resistência às noites de terça-feira no Pátio de São Pedro. À mercê da Prefeitura, que custeia os recursos técnicos de palco, a Terça Negra se mantém há 14 anos no calendário cultural da cidade. O Movimento Negro Unificado (MNU), no entanto, trava negociações com a Prefeitura do Recife para retomar as atividades, suspensas desde o Carnaval.
“O que a gente quer mesmo é institucionalizar a Terça Negra, que os governos reconheçam como um ato de resistência negra dentro do Recife", declara Demir Favela, do MNU. Segundo ele, o importante é não deixar a peteca cair. “A intenção da gente é fazer com que a coisa continue, que a Terça Negra não pare, independente de ajuda ou não.”
O comerciante Jorge Nascimento, dono do bar Refúgio do Reggae, traça estratégias paralelas para não deixar cair o movimento da terça-feira no local. “O (movimento do) Pátio? Mais ou menos. Não tá muito bom não, está meio parado. Só movimenta quando nós colocamos bandas pra rolar e eu faço o som mecânico. Mas quando a gente não faz evento, a gente pára. Aqui o apoio sou eu e os próprios músicos. Mas, apoio de Prefeitura, nenhum”, conta.
De maneira independente, mais pela brodagem, o comerciante dá um jeito de armar um palco no chão, em frente ao seu estabelecimento. O público, geralmente formado por aqueles que não encontraram o palco da Terça Negra, se diverte.