Mais de seis meses depois de confiscar seu passaporte e monitorar todas as atividades de Tania Bruguera, o governo cubano devolveu o documento à artista cubana que chegou a ser presa no fim do ano passado ao tentar realizar uma performance em que convidava o público para dizer o que quisesse em microfones dispostos na praça da Revolução, em Havana.
Desde então, Bruguera foi mantida em prisão domiciliar e chegou a ser detida para novos interrogatórios em maio, quando realizou dentro de casa uma performance em que lia o livro As Origens do Totalitarismo, da filósofa Hannah Arendt.
Bruguera disse, no entanto, que não deixará o país até que o governo garanta que já não há mais investigações contra ela, exigindo um documento que esclarecesse o fato.
"Meu argumento nunca teve nada a ver com deixar Cuba", disse Bruguera, em nota enviada à imprensa. "Quero trabalhar para que haja liberdade de expressão e para manifestações em Cuba, para que a violência contra aqueles que pensam de forma diferente seja penalizada. Em Cuba, as pessoas deveriam ter liberdade para dizer o que pensam sem temer perder seus empregos ou cargos nas universidades, sem medo de ser marginalizadas ou encarceradas."
Ela acrescentou ainda que gostaria de ver o fim da figura do preso político em Cuba. "Meu desejo é que a polícia um dia sinta orgulho de ver a pluralidade de pensamentos num protesto", afirmou. "Não quero nunca mais olhar nos olhos de um cubano e enxergar qualquer medo de dizer o que pensam."