PM interrompe show da Kalouv no Som da Mata, em Natal, e músicos são detidos

A banda instrumental pernambucana Kalouv passou perrenge na tarde deste domingo, durante o projeto Som da Mata, no Parque das Dunas, em Natal. A Polícia Militar Ambiental do Rio Grande do Norte interrompeu a apresentação durante a segunda música, sob alegação de o som estar acima dos limites estabelecidos para o logal. O produtor do evbento, Marcos Sá de Paulo, os músicos e um fotógrafo foram presos por desacato, segundo o site Novo Jornal (www.novojornal.jor.br).

Marcos Sá de Paulo,  que realiza o evento Som da Mata há dez anos, chegou a encaminhar os PMs, que portavbam um decibelímetro, ao técnico de som, que reduziu o volume das caixas do PA (voltadas para o público). "O som foi retirado completamente, e eu fui falar com os músicos, mas eles decidiram continuar. O show seguiu até que eles não conseguiram mais tocar”, conta o produtor, que disse nunca ter enfrentado um problema desta natureza com o evento, que acontece todos os domingos no Parque das Dunas. 

"De forma bastante desrespeitosa tanto para o público como para a banda (que veio de Recife apenas para tocar nesse evento), a Polícia interrompeu a apresentação para obrigar a banda Kalouv a baixar ainda mais o volume; tiveram que deixá-lo tão baixo que os músicos mal conseguiam se escutar no palco (e o público menos ainda)", protestou em sua página na rede social Facebook o pernambucano Victor Romero, que estava trabalhando na produção da Kalouv.

"Impossibilitados de continuar o show, os músicos pediram para que o público cantasse e aplaudisse um pequeno trecho de uma música junto para dar encerramento precoce à apresentação", postou Victor Romero. "Porém, num show de autoritarismo e silenciamento da arte totalmente incompatível com uma democracia que respeita a liberdade artística, os policiais deram voz de prisão para a banda e para um dos produtores do evento", acrescentou.

“O público vaiou [a postura da polícia militar] e aplaudiu a banda. Depois disso, nós fomos presos”, lembra Marcos Sá de Paulo. "Esse tipo de criminalização da arte é coisa que devia ter ficado como página virada nos livros de história. Mas não, é real, aconteceu hoje, quase agora. Deram voz de prisão só por que pediram pro público puxar um coro e bater palmas”, acrescentou Victor Romero.

Os detidos foram encaminhados para esclarescimentos na Delegacia de Plantão da Zona Sul, no bairro de Candelária.

O selo musical a Sinewave label, selo que lançou todo o catálogo da Kalouv, divulgou nota de repúdio. "Nós da Sinewave, selo que lançou todo o catálogo da Kalouv, REPUDIAMOS esse ato da Polícia Ambiental de Natal. Nada - repetimos, nada - justifica esse tipo de atrocidade em nome de uma lei simbólica que, segundo relatos, em diversos anos de evento no mesmo local, nunca foi aplicada. Estão tentando calar a arte à força.", assinala a nota. "Estando longe, só nos resta espalhar a notícia e mandar toda a força possível para a banda, o produtor e o fotógrafo. Sabemos que eles vão sair dessa, com força pra tocar ainda mais alto. A arte, mesmo a instrumental, vai saber gritar de volta", finaliza o texto de repúdio da Sinewave.