Alexia Dechamps nega que tenha desrespeitado nordestinos

Segundo o deputado federal Pedro Vilela (PSDB-AL), durante uma sessão na Câmara, Alexia teria dito: "Calem a boca, porque eu pago o Bolsa Família do Nordeste"
JC Online
Publicado em 26/10/2016 às 17:09
Segundo o deputado federal Pedro Vilela (PSDB-AL), durante uma sessão na Câmara, Alexia teria dito: "Calem a boca, porque eu pago o Bolsa Família do Nordeste" Foto: Reprodução


A atriz Alexia Dechamps e o deputado federal Pedro Vilela (PSDB-AL) se desentenderam durante uma audiência pública realizada na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (25/10), sobre a regulamentação das vaquejadas no Brasil. O deputado federal afirma que, na ocasião, a atriz teria dito: "Calem a boca, porque eu pago o Bolsa Família do Nordeste". Alexia contesta a versão em um comunicado, reproduzido na íntegra abaixo, afirmando que "O parlamentar, além de deturpar minhas palavras, me ofendeu, tentou humilhar e constranger, chegando a dirigir-se ao plenário da Câmara pedir que a Procuradoria da Casa me processe".  

Pedro Vilela publicou, nesta quarta-feira (26/10), em seu perfil no Instagram, um vídeo que registra parte da discussão. "Amigos, recebi esse video pelo whatsapp e ele mostra como se deu o triste episódio ocorrido ontem na Câmara dos Deputados. Um ato de discriminação e preconceito, seja ele de qualquer tipo, não deve jamais ser tolerado e sim sempre ser denunciado. E será assim que irei proceder, tantas as vezes em que eu me deparar com situações como essa. Tomara que não mais aconteça. Aproveito pra agradecer o apoio que tenho recebido. Essa tem que ser uma luta de todos. Obrigado. #DigaNãoAoPreconceito", escreveu o deputado alagoano.

O vídeo publicado por Pedro Vilela, no entanto, não apresenta toda a discussão. Alexia não aparece falando a frase descrita pelo deputado federal, mas dizendo que paga impostos e chamando-o de moleque. Já o deputado responde chamando a atriz de petulante.

 

NA ÍNTEGRA

"Eu, Alexia Dechamps, repudio a atitude do deputado Pedro Vilela, do PSDB alagoano, de atribuir a mim palavras desrespeitosas contra o povo nordestino durante audiência pública sobre a regulamentação da vaquejada. Mais do que isso, abomino sua postura oportunista de aproveitar-se de um falso embate com uma pessoa pública, atriz profissional, para conseguir mídia fácil e destacar-se diante de seu eleitorado. O parlamentar, além de deturpar minhas palavras, me ofendeu, tentou humilhar e constranger, chegando a dirigir-se ao plenário da Câmara pedir que a Procuradoria da Casa me processe. Não sabe o Sr. Deputado que não me curvo a ameaças, que o tempo de mulheres indefesas e submissas é passado e que antes que siga com sua infâmia eu o estarei chamando a prestar contas de suas palavras perante os tribunais.

No intenso debate que acontecia entre os que defendiam a vaquejada como atividade econômica, geradora de empregos, e os que, como eu, afirmávamos que nenhum trabalho pode se basear em maus tratos a animais indefesos, defendi que o correto seria buscar alternativas econômicas para os vaqueiros que vivem da vaquejada. Se é uma cultura regional, que se mude a cultura, da mesma forma que se deve abandonar a prática das touradas na Espanha. Nada, absolutamente nada, justifica a violência contra animais ou seres humanos.

Disse ainda que no Nordeste, de onde provinha a maior parte dos vaqueiros lá presentes, existem outras atividades como pesca, turismo e lavoura, além do Bolsa Família, que poderia amparar os mais necessitados. Lembrei que a região é que mais tem inscritos no programa do governo federal. Se o auxílio existe, sustentado pelos impostos que eu e todos os brasileiros pagamos, para socorrer pessoas sem renda suficiente, deve ser utilizado para casos extremos como o que discutíamos.

A deturpação dos meus argumentos, como se vê, é vil. Espero que a exposição do caso sirva para desmascarar este tipo de ardil, mostrando aos eleitores do parlamentar quem ele realmente é, em lugar da imagem que gostaria de ver estampada nos jornais. A verdade costuma ser severa com quem manipula fatos e agride semelhantes para conquistar objetivos mesquinhos. 

Vim para Brasília para defender a Constituição do meu país, defender a interpretação do Supremo Tribunal Federal contra as vaquejadas e as minhas convicções. É disso que eu vivo. É isso que sou".

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