David Bowie celebrado com reedições, documentários, e shows

Cantor, falecido em 10 de janeiro de 2016, faria 70 anos hoje
JC Online
Publicado em 08/01/2017 às 9:47
Cantor, falecido em 10 de janeiro de 2016, faria 70 anos hoje Foto: foto: divulgação


“Olha pro alto/tenho cicatrizes, que não podem ser vistas/dramas, que não podem ser furtados/todos me conhecem agora/ olhem pro alto/estou em perigo/não tenho mais nada a perder”, os versos iniciais de Lazarus, de David Bowie. No clipe ele aparece num leito de hospital, de olhos vendados. Lazarus foi interpretada como a canção de uma morte confirmada.  No entanto, David Bowie só soube que seu mal era incurável depois da gravação da canção. A revelação está no documentário David Bowie - The Last Five Years (os últimos cinco anos), que foi ao ontem à noite, na TV estatal BBC2. Hoje David Robert Jones completaria 70 anos, terça-feira, 10 de janeiro, será o primeiro aniversário sua morte.

Ambas as efemérides serão lembradas com uma série de concertos intitulados Celebrating David Bowie, que começa hoje na O2 Brixton Academy, em Londres, com um elenco estelar de músicos, sem faltar, sem faltar, claro, os que tocaram com Bowie em suas duas últimas turnês, Mike Garson, Adrian Belew, Earl Slick. O elenco varia conforme as cidades. Os outros concertos acontecem em Nova Iorque (dia 10), Los Angeles (25), Sidney (29), Tóquio (30). Desde a morte de John Lennon, em 8 de dezembro de 1980, uma estrela do rock não era tão celebrada (inspirou até uma troça no Carnaval de Olinda, o Bumba meu Bowie). 

DISCOS

Lançado dias antes de sua morte, o álbum Black Star foi um dos seus discos mais vendidos, e um dos mais elogiados. Figurou como quase unanimidade entre as listas de melhores de 2016.

Suas sete de décadas de nascimento foram lembradas pela gravadora Universal com uma sequência de relançamentos e projetos especiais. Alguns bem fornidos, como a caixa Who Can I Be Now 1974-1976, com nove discos, praticamente tudo o que gravou neste período, incluindo o álbum inédito The Gouster, o “disco perdido” de Bowie, embrião de Young Americans, que também está no box.

Um dos CDs, Re: Call 2 ganhou uma edição avulsa. A caixa Fifty Two Years - The Complete Singles Box Set, Remastered contém 12 CDs, 209 faixas, quase dois gigas de música. No final de dezembro, chegou às lojas o álbum duplo, 40 faixas, Legacy, mais uma coletânea, fornida de hits. Em 2013, 37 anos depois de participar do filme The Man Who Fell to Earth, de Nicholas Roeg, Bowie entrou em contato com o produtor Robert Fox com uma continuação da história, um musical. Roeg sugeriu que ele procurasse um jovem teatrólogo chamado Enda Walsh para tocarem o projeto juntos.


LAZARUS

 Lazarus, o musical, ficou pronto em 2014, e o diretor Ivo Van Hove convidado a entrar na equipe. Depois do elenco definido, os ensaios começaram pra valer em outubro de 2015. Bowie disponibilizou seu imenso catálogo de canções para que se pinçassem algumas para a trilha. A gravação do repertório de Lazarus, pelos atores, foi marcada para o dia 11 de janeiro de 2016. 

Quando chegaram ao estúdio na data marcada, o elenco ficou devastado ao saber da morte de Bowie, anunciada naquele dia. Foi neste estado de espírito que o álbum foi gravado.

Pelo menos este está disponível em edição brasileira (pela Sony Music) São dois CDs. O primeiro, com 19 faixas, é quase inteiramente na voz do elenco, com Bowie cantando Sound and Vision, e Hello Mary Lou (Good Bye Heart), de Gene Pitney, com Ricky Nelson. Para entender o que um ingênuo roca-a-Billy, gravado em 1961, está fazendo num musical tão denso, saiba-se que Mary Lou é um dos personagens principais do enredo (também na versão original). 

O musical foi recebido com ressalvas pela critica, mas o disco tem vida própria fora do palco do New York Theatre Workshop, na Rua 47, em Manhattan. Já o disco 2 traz David nas suas derradeiras gravações, com três canções inéditas, a já conhecida Lazarus (faixa de Black Star), No Plan, Killing a Little Time e When I Meet You. A trinca de inéditas não ficará entre as melhores de David Bowie, mas exemplificam muito bem o que foi ele. Um autor mais de transpiração do que de transpiração. A audição da fita demo do primeiro álbum do Velvet Underground o levou a entender que havia outro universo no rock, além do que Elvis e os Beatles tinham ensinado, e que tudo valia a pena se a ousadia e imaginação não fossem pequenas.

Lazarus, o musical, contribuiu para que finalmente chegasse ao disco a música de The Man That Fell To Earth (1976) de Stomu Yamashta e John Phillips, mais conhecido pelo seu trabalho com o Mamas and the Papas. PhIllips estava na Inglaterra, morando na casa de Keith Richards, e entre uma viagem e outra de heroína, preparando-se para gravar o segundo disco solo para o selo dos Stones. Foi convidado para fazer a trilha do filme estrelado por Bowie. A trilha é quase toda dele, com temas do músico japonês Stomu Yamashta, e standards (incluindo Hello Mary Lou, com John Phillips.

 

 

 

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