Ademir Araujo, maestro e Patrimonio Vivo de PE, ganha biografia

Autor de Frevo na Tempestade fará biografia do maestro Duda
JOSÉ TELES
Publicado em 08/02/2017 às 8:10
Autor de Frevo na Tempestade fará biografia do maestro Duda Foto: Foto: acervo do escritor


“Seu Frevo na Tempestade é muito arrojado, chega a beirar o atonalismo, é de uma audácia harmônica incrível”, comentário do olindense Carlos Eduardo Amaral, jornalista, e crítico musical, sobre uma das composições do maestro Ademir “Formiga” Araújo, escolhida por ele como subtítulo do livro  Maestro formiga - Frevo na Tempestade, que inaugura a coleção Frevo Memória, da CEPE Editora, que será lançado amanhã, às 15h30,no Paço do Frevo, no bairro do Recife.

 Patrimônio Vivo da cultura pernambucana, o recifense (da classe de 1942), Ademir Souza Araújo, um dos mestres do frevo que protagonizam o documentário Sete Corações, de Déa Ferraz (2014), milita na música pernambucana desde o início dos anos 60, como um dos fundadores da Banda Municipal do Recife, campeão de concursos carnavalescos, dirigente da Orquestra Popular do Recife, e da Frevioca, que animou o carnaval de rua da capital pernambucana nos anos 80.

Mas jamais se limitou a ser somente um músico de talento, ele é um ativista, como aponta o saxofonista Gilberto Pontes (da Spokfrevo Orquestra), em depoimento ao autor do livro: “Ele é brigão, mas pelos músicos, pela causa da música. É político, politizado. Dos grandes mestres que estão aqui na terra, ele é o único que essa peculiaridade, de ver até um prefeito no meio da rua e cobrar. Não precisa agendar com ninguém pra ser atendido”. Carlos Eduardo Amaral reforça o que diz Pontes: “Ele sempre teve um grande desejo de um local que preserve o maracatu, assim como existe o Paço do Frevo”.


A biografia foca mais a carreira musical de Ademir Araújo, e os vários links que o ligam a outros maestros, ao frevo, aos seus muitos projetos, enfatizando a multiplicidade do talento do músico. Consagrado como mestre do frevo, Ademir é fervoroso defensor do maracatu, é autor de muitos, bem menos conhecidos do que seu trabalho com outros gêneros. Um dos filho do maestro, Adriano Araújo, pretende produzir um álbum com os maracatus do pai.

 O primeiro maracatu, com que concorreu ao concurso de músicas carnavalescas em 1965 foi Prelúdio de Maracatu. Ficou em segundo lugar. Ao longo dos anos, Ademir Araújo foi compondo  maracatus, canção ou instrumental, como Viva Leão Coroado e Rei de Angola (em parceria com José Amaro), e até incentivando a criação de grupos, feito o Maracatu Nação Rei do Congo, no Pina.

Da extensa obra de Ademir Araújo só uma pequena parte chegou ao disco. A maioria fora de catálogo, tanto que Carlos Eduardo Amaral usa como referências os que saíram em CD. O próprio maestro não possui os vinis que gravou, o que nem é de estranhar, já que a imensa maioria da discografia da música pernambucana, sobretudo da Rozenblit, encontra-se há anos fora de catálogo. O autor de  Maestro Formiga - Frevo na Tempestade assinará, para a mesma coleção, biografias de Getúlio Cavalcanti, e do Maestro Duda.  

 

 

 

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