RIO DE JANEIRO – Dizem que o verde da Amazônia é uma das nossas maiores riquezas. E de fato é. O que poucas pessoas sabem, ou têm a devida consciência, é que também existe a chamada Amazônia Azul, que se refere às nossas águas. Afinal, somos banhados por 8.500 quilômetros de litoral, e perto de 4,5 milhões de metros quadrados, além das nossas bacias hidrográficas. E é com o intuito de despertar a sociedade brasileira para uma mentalidade marítima que o atual Espaço Cultural da Marinha, localizado no Centro do Rio de Janeiro, apresentou o ambicioso projeto na qual pretende se tornar: o Museu Marítimo do Brasil.
O almirante José Carlos Mathias, diretor do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, fez o lançamento à imprensa no último dia 5 de abril. Com ele, estavam presentes os arquitetos Bernardo e Paulo Jacobsen e a museóloga Margareth de Moraes. No evento, um vídeo institucional mostrou em detalhes de como este grande espaço pretende atuar quando sair do papel.
“A navegação, as pesquisas científicas, as variadas manifestações místicas e religiosas, a presença humana, portos, faróis, a indústria da pesca, a indústria naval, tudo o que for relativo ao mar e aos rios brasileiros será objeto de interesse de exposições no Museu Marítimo”, explicou o almirante, que está à frente do desenvolvimento desta nova instituição.
Obedecendo a critérios de sustentabilidade e acessibilidade, as duas construções que constituirão o Museu Marítimo do Brasil – uma no continente e a outra no píer da Baía de Guanabara – serão harmônicas, e se elevarão suavemente do chão, sem interferir na paisagem, em rampas que darão acesso às áreas internas, eliminando assim o uso de elevadores, e servirão ainda como excepcionais mirantes, de onde também podem ser vistos o Pão de Açúcar e o Corcovado.
O revestimento de aço cortén, material leve e de fácil manutenção, será alternado por áreas envidraçadas que permitirão generosas entradas de luz natural. O conjunto foi pensado para levar o público a experimentar uma sensação de estar a bordo, tanto no convés como no interior de um navio. A área total será de 6.516 metros quadrados, e 12 metros de altura em seu ponto máximo.
Apesar do empreendimento ter a capacidade de explorar uma “fonte inesgotável de narrativas”, a museóloga Margareth de Moraes reforça que o Museu Marítimo do Brasil vai precisar de outros elementos: “A Marinha tem um acervo muito diversificado, que tanto atende o Museu Naval como atenderá ao Museu Marítimo. Mas como todo o museu, um acervo tem também suas lacunas. Então o museu terá que pensar uma política de aquisições para preenchimento dessas lacunas”.
Os estudos para a criação do Museu começaram desde 2009 e o orçamento é estimado de R$ 45 a R$ 50 milhões, segundo o almirante José Carlos Mathias, que buscará parceiros públicos e privados para a execução do projeto. “É importante frisar que esse museu não é importante apenas para o Rio de Janeiro, mas para o Brasil todo, porque vamos representar aqui todas as expressões culturais na área marítima de todo o País”, afirmou.
*O repórter viajou a convite da Diretoria de Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha.