Met Opera de NY suspende diretor James Levine por denúncias de abuso sexual

Levine, de 74 anos, não vai trabalhar mais na atual temporada; há suspeitas de abusos ocorridos na década de 80
AFP
Publicado em 04/12/2017 às 5:27
Levine, de 74 anos, não vai trabalhar mais na atual temporada; há suspeitas de abusos ocorridos na década de 80 Foto: Foto: AFP


James Levine, um ícone da música clássica, foi suspenso no domingo de suas funções na Metropolitan Opera de Nova York após denúncias de abusos sexuais cometidos na década de 80.

A Met Opera informou em um comunicado que Levine, de 74 anos, não vai trabalhar mais na atual temporada e que contratou um ex-promotor para investigar as acusações de abuso sexual.

"Com base em novas informações, a Met decidiu atuar agora, enquanto esperamos os resultados da investigação", anunciou Peter Gelb, diretor geral da Met Opera.

"Isto é uma tragédia para qualquer um cuja vida tenha sido afetada", completou.

Os jornais The New York Times e New York Post informaram no sábado que um relatório policial de 2016, de Illinois, informa que Levine, então com 41 anos, abusou de um jovem a partir de 1985, quando a suposta vítima tinha 15 anos. Os abusos teriam continuado até 1993.

A Met Opera informara algumas horas antes que Levine negou as acusações ao ser questionado no ano passado.

Sem apresentar detalhes, a instituição informou estart a par de múltiplas denúncias de conduta sexual inapropriada contra Levine.

Um titã da música clássica, Levine estreou na Met Opera em 1971 e dirigiu mais de 2.500 apresentações de 85 óperas. Trabalhou com grandes estrelas como Luciano Pavarotti e Placido Domingo.

"Estamos profundamente perturbados com os artigos que estão sendo publicados na internet sobre James Levine", afirmou no sábado a Met, que anunciou ter aberto uma investigação "para determinar se as acusações de mau comportamento sexual nos anos 1980 são pertinentes, para que possamos tomar as ações apropriadas".

As acusações não podem ser alvo de processos judiciais, já que crimes contra menores prescrevem após nove anos no estado de Illinois.

A investigação se baseia em um relatório policial de 2016 em Illinois, informou a Met. Mas Levine, 74, permaneceu trabalhando na instituição. No sábado ele dirigiu a apresentação do "Requiem" de Verdi no Lincoln Center.

"Naquele momento, o sr. Levine afirmou que as acusações eram totalmente falsas, e confiamos nas investigações exaustivas da polícia", explicou a Met, referindo-se ao relatório do ano passado.

Os abusos começaram, segundo o denunciante, quando Levine o deixou de carro em casa e parou o veículo na entrada.

"Ele começou a segurar minha mão de forma prolongada e inacreditavelmente sensual", disse a suposta vítima ao Times, acrescentando que os abusos aumentaram no verão seguinte.

Desde que as acusações contra o produtor de Hollywood Harvey Weinstein por agressão sexual começaram, em outubro, uma onda de denúncias manchou a carreira de uma lista crescente de homens de destaque, como o ganhador do Oscar Kevin Spacey, o comediante Louis C.K. e os apresentadores de TV Matt Lauer e Charlie Rose.

'Senti vergonha e culpa'

O denunciante, hoje com 48 anos e que deseja se tornar diretor de orquestra, declarou que os abusos de Levine continuaram até 1993, e que o levaram à beira do suicídio.

"Senti vergonha e culpa", declarou à polícia de Lake Forest, Illinois, segundo o Post. "Emocionalmente, fiquei ferido por isso, além de confuso e paralisado."

O homem acusou Levine de ter se masturbado nu na frente dele, e de tê-lo beijado e acariciado seu pênis no quarto de um hotel de luxo em Lake Forest, onde a cena teria se repetido centenas de vezes ao longo dos anos.

Os encontros com Levine, sob o pretexto de discutir as ambições do jovem no mundo da música clássica, prolongaram-se até 1993. Segundo o Post, além de presentes, Levine teria feito o pagamento de 50 mil dólares em dinheiro.

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