Sucesso na frente das câmeras, a atriz Juliana Paes também é bem-sucedida nas redes sociais. No Carnaval deste ano, ela teve a segunda foto mais curtida do Instagram no Brasil (veja o post abaixo), perdendo apenas para a colega Bruna Marquezine. A carioca de 38 anos também fechou 2017 como a 6ª personalidade mais influente do País, segundo o Google, quando vivia sua polêmica personagem na TV, a Bibi Perigosa na novela A Força do Querer. Em entrevista exclusiva ao Jornal do Commercio, a estrela revela um pouco dos bastidores da responsabilidade por trás de cada like.
JORNAL DO COMMERCIO – O que ser uma personalidade influente representa para você?
JULIANA PAES – Acho que quando você passa a ser vista como uma pessoa influente, isso é reflexo de sucesso. Ao mesmo tempo, é uma grande responsabilidade. Você precisa ser muito coerente com o que você faz e diz. Porque é um grande poder que se tem nas mãos. E eu procuro ser muito cuidadosa. Procuro me associar a campanhas respaldadas, sempre me associar a entidades e instituições de respeito. Tenho um compromisso com a ONU, sou uma das embaixadoras para tudo o que é relacionado contra a violência contra a mulher. Então procuro usar essa visibilidade que eu tenho – não só a visibilidade – e influência para realmente fazer valer a pena de um jeito que eu acho pertinente.
JC – Você possui mais de 12 milhões de seguidores em seu Instagram. Só você atualiza o perfil ou divide a tarefa com alguma equipe?
JULIANA – É engraçado isso. Eu comecei usando o Instagram de uma maneira muito intuitiva, fui uma das primeiras que começou a brincar com isso, e sempre fiz sozinha. Nunca tive alguém postando para mim ou escrevendo coisas que não são do meu feitio ou com um comportamento que não seja o meu. Acho que talvez isso tenha trazido tanta fidelidade para as pessoas que sempre me acompanharam nas redes sociais desde o começo. As pessoas sabem que sou eu quem estou ali, que quem escreve e quem posta sou eu. Óbvio que, de uns tempos para cá, eu comecei a pedir ajuda de uma assessoria digital, até para entender os caminhos desse novo mundo, e conseguir absorver da internet, das redes sociais, o que é melhor para o meu entendimento como atriz. Entender o que repercute mais, o que não. Essa ferramenta, então, é muito importante.
JC – O que você acha que mudou em relação a relação artista-fã nas redes sociais?
JULIANA – Hoje as pessoas gostam de falar que as redes sociais são uma ferramenta comercial, mas para mim, não. Para mim, é uma ferramenta de interação direta com os fãs, com o público. Antigamente, a gente precisava de um interlocutor. Você precisava dar uma entrevista numa revista e ver o feedback daquilo. Você ia num programa de televisão e sentia o feedback daquilo. Você fazia uma novela e sentia a repercussão através da audiência. Hoje em dia, não, é imediato. Hoje a gente tem essa resposta de público imediata, sabemos o que as pessoas estão pensando e falando em tempo real, na hora em que a cena está indo ao ar. Logo, assim que você posta uma foto e pergunta a opinião daquelas pessoas, elas dizem o que acham daquilo. Essa interação sem interlocutores, essa ligação direta com o público, é uma ferramenta que não tem preço.
JC – O que você considera relevante para expor em suas redes sociais?
JULIANA – Eu tenho uma medida que é muito intuitiva também, volto a usar essa palavra, porque acho que não existem verdades absolutas para lidar com isso. Eu sei que todas essas ferramentas, essas redes sociais, têm uma métrica que os especialistas usam para entender o que tem mais relevância, o que é mais influente, quem não é, mas eu nunca me utilizei muito disso. Eu sempre fui muito no meu feeling, colocando um pouco de trabalho, divulgo um pouco os projetos dos colegas artistas – porque acho que temos que ter essa parceria, os artistas precisam disso – eu divulgo o filme de um colega, uma peça de teatro de uma amiga, divulgo um filme que eu vou lançar no futuro, os bastidores de uma filmagem que eu estou fazendo no momento... Posto um pouco de coisas da minha vida mais particular, uma foto com os meus filhos, uma foto de um momento de lazer, sempre em menor escala esses momentos muito íntimos, mas acho que tem que ter um pouquinho. Mas tenho algumas ressalvas para postar essas coisas de vida muito íntima. Eu acho que o artista pode, sim, presentear os seus fãs com um pouquinho da sua intimidade. Porque, qual fã não gosta de ver, de sentir que está um pouquinho mais perto do seu ídolo, e por isso o segue nas suas redes. Mas ao mesmo tempo é muito importante, essencial, manter o mistério, manter um pouquinho do sonho. Eu acredito muito nisso.
JC – Você abre espaço para publiposts? Caso sim, qual o critério que você utiliza para fazer a postagem?
JULIANA – Sim. É claro que me são oferecidas muitas oportunidades, mas eu digo muito não para esse tipo de coisa. O meu critério, basicamente, é não agredir muito as pessoas que me seguem. Não entupir a caixa dessas pessoas com propagandas, agradecimentos, acho que isso acaba ficando muito chato, e coisas que eu realmente usaria. O meu critério é: Eu acho bom? Eu, Juliana. Eu uso isso na minha casa? Eu usaria isso na minha vida? Então é “postável”. Tem que ser verdade. Tem que ser para valer. Não vale a pena fingir que se é outra pessoa nas redes sociais. Não vale a pena e não é justo com o público. Ele é muito fiel, muito carinhoso e muito inteligente, não merece ser subestimado.
JC – Se o título de ‘personalidade influente’ te desse um poder para modificar algo no Brasil, o que seria e porquê?
JULIANA – Uau, ótima pergunta! Se esse título me desse o poder de influenciar, eu influenciaria os jovens, as jovens, as mulheres. Que elas se sintam mais empoderadas, mais seguras para tomar suas decisões, mais aguerridas, mais independentes e mais corajosas para cavarem suas próprias oportunidades, apesar da gente viver numa cultura ainda muito machista, masculinizada, preconceituosa.
JC – Mais algum problema social te preocupa atualmente?
JULIANA – De uma maneira geral, eu também utilizaria a minha influência para as próximas eleições. Se eu pudesse, seria implacável com isso de dizer às pessoas que a gente precisa de renovação, porque essa é a palavra agora. Se continuarmos escolhendo as mesmas pessoas, não vamos mudar nada. Então, que haja responsabilidade na hora de votar. Estamos num momento delicado, decisivo. Chega de votar porque tem que votar, vamos votar com consciência. Acho que essa seria uma mensagem. Se eu pudesse influenciar muita gente, eu gostaria de ir no ouvidinho de cada pessoa e falar isso. Vote com consciência, não vote por troca de favor, porque conhece, porque ouviu dizer. Entrem nas redes dos políticos, em todos esses blogs que estão lá escancarando pra gente o percentual de presença deles, o número de faltas, se são ficha limpa, se não são, eu usaria a minha influência para isso: para que as pessoas corram atrás dessas informações antes de dar o seu voto. O nosso voto é a nossa arma mais poderosa nesse momento.