A morte do sociólogo, historiador e intelectual Hélio Jaguaribe repercutiu nos meios culturais e acadêmicos em todo o país. Morto na noite de domingo (9), aos 95 anos, ele deixa uma vasta obra, na qual sempre tentou interpretar o Brasil e prospectar rumos para o país.
O imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) será velado na próxima quarta-feira (12), na sede da entidade, com sepultamento no mesmo dia, no Mausoléu da ABL, no Cemitério São João Batista.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se expressou em nota, lamentando a perda do intelectual e amigo, destacando sua generosidade e independência. “Lastimo a perda da pessoa generosa que foi Hélio Jaguaribe, e do intelectual independente que tanto contribuiu para entender-se o desafio do desenvolvimento econômico e as raízes da política brasileiros. Poucos intelectuais foram tão abertos ao sentimento do mundo e, especificamente, da América Latina, quanto Hélio. E pouquíssimos gozaram tanto do justo reconhecimento fora de nossas fronteiras e entre nós. Homem de saber enciclopédico e de gosto pela vida, deixa saudades nos que com ele convivemos”, disse FHC.
O reitor da Universidade Cândido Mendes (UCAM), Cândido Mendes de Almeida, lembrou que ambos foram contemporâneos na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio. Para ele, as novas gerações de intelectuais terão, necessariamente, de se debruçar sobre a obra de Jaguaribe. “Ele teve uma visão global do momento histórico. Passou da consciência ingênua à consciência crítica. Tinha uma visão de Brasil do futuro, sem nostalgia. [Sobre o aparecimento de novos intelectuais, à altura de Jaguaribe] O valor dos homens independe da universidade, para chegar à plenitude de seu tempo. Os novos intelectuais que estão chegando, terão que passar pela obra de Hélio Jaguaribe. Ele resumiu toda uma geração”, disse Cândido Mendes.
A presidente da Biblioteca Nacional e ex-secretária estadual de Cultura do Rio, Helena Severo, destacou a grandiosidade intelectual e a dimensão humana do historiador. “Hélio Jaguaribe foi um grande pensador, um dos maiores intérpretes do Brasil. Autor de uma obra de maior significação. Era um ser humano extraordinário e encantador. Tinha uma grande generosidade. Sua obra é fundamental para as novas gerações. Era essencialmente um humanista, com uma cultura vastíssima”, disse Helena Severo.
O Ministério da Cultura divulgou nota, lamentando a morte de Jaguaribe e lembrando sua passagem por universidades dos Estados Unidos, durante a ditadura militar no Brasil. “É com grande pesar que o Ministério da Cultura (MinC) recebe a notícia do falecimento do escritor, sociólogo, jurista e membro da Academia Brasileira de Letras, Hélio Jaguaribe. Nascido no Rio de Janeiro em 1923, formou-se em direito e, em 1952, iniciou um projeto de estudos para nova percepção da sociedade brasileira. Fundou o Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política (Ibesp) e foi diretor da revista do Instituto, Cadernos de Nosso Tempo. Durante a ditadura militar, lecionou nos Estados Unidos, na Universidade de Harvard, na Universidade de Stanford e no Massachusetts Institute of Technology. Em 1999, por sua contribuição ao desenvolvimento cultural do país, foi agraciado com a Ordem do Mérito Cultural do MinC.”