Museu Nacional tenta incluir até R$ 100 milhões no Orçamento de 2019

Diretor do Museu Nacional afirmou estar trabalhando para conseguir colocar valor no Orçamento da União de 2019 para iniciar reconstrução
Agência Brasil
Publicado em 03/10/2018 às 9:33
Diretor do Museu Nacional afirmou estar trabalhando para conseguir colocar valor no Orçamento da União de 2019 para iniciar reconstrução Foto: Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil


A direção do Museu Nacional trabalha para incluir no Orçamento da União de 2019 uma previsão de R$ 50 milhões a R$ 100 milhões para iniciar a reconstrução do Palácio de São Cristóvão, destruído por um incêndio no dia 2 de setembro deste ano. Em entrevista coletiva na manhã de hoje (2), um mês após o desastre, o diretor do museu, Alexander Kellner, disse que os recursos seriam o primeiro passo para que o museu possa ser reaberto em no mínimo três anos.

 "Estamos junto ao Congresso Nacional vendo a possibilidade de uma dotação orçamentária que seja impositiva e que nos permita pelo menos fazer uma primeira obra de infraestrutura. Paredes, teto e coisas assim", disse Kellner, ressaltando que tal valor não inclui a restauração de detalhes internos mais específicos e abarca toda a parte externa. 

Pesquisadores, servidores e estudantes do museu fizeram um abraço hoje para marcar um mês do incêndio que destruiu um rico acervo que incluía coleções científicas conservadas e estudadas pelos Departamentos de Antropologia, Botânica, Entomologia, Invertebrados, Vertebrados e Geologia e Paleontologia.

A reconstrução do prédio depende de um desenho de como será o Museu Nacional do futuro. "Precisamos entender o que vai ser esse novo prédio. Que tipo de sistema de segurança? Vou manter espaços vazios altos ou usar mais lajes?', questiona  Kellner.

A direção pretende manter o caráter histórico do palácio e preservar também sua tradição de exposições ligadas à história natural, mas precisará discutir o que será restaurado e o que precisará ser modernizado. O palácio foi residência de dom João VI quando a família real portuguesa veio para o Brasil e abrigou também a família imperial brasileira. O prédio foi construído para ser uma residência e só se tornou museu após a Proclamação da República. Antes de se mudar para o palácio, o Museu Nacional funcionava no centro do Rio, na Praça da República.

"De uma certa forma, nós prejudicávamos o prédio, e ele nos prejudicava", resumiu Alexander Kellner. Ele disse que o Ministério da Educação deve destinar R$ 5 milhões para a elaboração de um projeto executivo, que será feito em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Enquanto essas ações não começam, a empresa Concrejato foi contratada para escorar e cobrir a estrutura que restou do incêndio. A obra começou em 21 de setembro e tem prazo de seis meses para ser concluída. Com o escoramento, não haverá mais risco de desabamento e poderá ter início o trabalho de recuperação do acervo que foi soterrado pelos escombros e queimado no incêndio. Pesquisadores mantêm a expectativa de que parte dos itens pode ter sobrevivido à tragédia. Já a cobertura é necessária para proteger essas peças da chuva.

O trabalho de resgate do acervo poderá começar antes da conclusão da obra, já que os técnicos da empresa e a direção do museu conversam para liberar parcialmente algumas áreas à medida que o escoramento avance.

Financiamento coletivo

Outra ação em curso é o recebimento de doações por meio de uma campanha de financiamento coletivo para retomar as atividades educativas do museu. Com meta de R$ 50 mil, a instituição pretende restaurar seu acervo didático para levá-lo a escolas do Rio de Janeiro.

Segundo a direção do Museu Nacional, cerca de 20 mil estudantes de 600 escolas visitavam a instituição a cada ano.

Caso as doações somem R$ 300 mil, o museu pretende construir um espaço de exposição no Horto Botânico, área anexa da entidade que não foi afetada pelo incêndio. No local, seria possível voltar a receber as escolas antes que o museu fosse reconstruído.

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