O último dia da Campus Party é como uma Quarta de Cinzas para os campuseiros

A edição 2016 do evento já está em negociação, com grandes chances de se concretizar
Renato Mota e Talita Barbosa
Publicado em 26/07/2015 às 13:27
A edição 2016 do evento já está em negociação, com grandes chances de se concretizar Foto: Foto: Talita Barbosa - Especial para o JC Online


Esse domingo é o equivalente à Quarta-Feira de Cinzas dos geeks. O último dia da Campus Party Recife não tem festa, não tem download, não tem palestra. É desarmar as barracas, arrumar as coisas, encaixotar o computador e voltar à vida normal. Assim como no fim do Carnaval, o que fica é saudade.

O primeiro campuseiro a chegar ao Centro de Convenções para o evento – ainda na quinta-feira passada (23) – deixou claro que aquele era um lugar para os aficionados por tecnologia. “A Campus Party é a Disneylândia da tecnologia, a gente espera o ano inteiro para viver isso daqui”, disse o coordenador técnico Renan Gonçalves. Durante os três dias da Campus, nem o frio congelante do pavilhão de exposições do Centro de Convenções fez com que os campuseros levantassem das disputadas bancadas do local. “Parece que vai nevar aqui”, disse o estudante Filipe Costa.

Quem veio trouxe, além dos cobertores e colchões – para uma noite de sono que muitas vezes nem ocorre –, computadores personalizados e telas de LCD de última geração. “A graça é jogar em tela grande, fica tudo com mais realidade, parece que você está ali dentro do jogo. Para quem é desenvolvedor, essas telas ajudam a ter uma visão melhor do projeto final”, afirma o programador Luiz Castro. A estudante de Sistema da Informação e miss da cidade de Vertentes (a 150km do Recife), Letícia Costa, mostra que o evento também é para as meninas gamers e programadoras. “Vejo que hoje o mercado de TI está menos desigual. A ideia de unir a tecnologia com o empreendedorismo foi o que me trouxe aqui este ano”, declarou ela. 

O grande número de crianças e adolescentes que também foram à Campus mostra que a paixão pela tecnologia não tem idade. “Tem coisa melhor do que passar as férias jogando? Não. Vim com meu pai este ano e quero vir todos os anos à Campus”, disse a estudante Sara Lages, enquanto jogava no computador personalizado pelo pai com o tema do Jurassic World. Assim como ela, os amigos Arnaldo Cardoso e Rafael André, de 13 anos, mostram que a Campus Party também ajuda a despertar a paixão pela tecnologia. “Gosto demais dessa área de tecnologia, de jogos. Pra mim não tem nada mais legal”, conta Arnaldo. “Quando eu crescer, quero estudar robótica!”, disse Rafael. 

Até os palestrantes acabam se contagiando com a empolgação dos jovens que compareceram ao evento de quinta-feira passada até hoje. “Gosto muito de vir à Campus Party pois vocês ouvem com o coração o que a gente traz. Não importa de onde seja, guardam o que aprenderam com vocês e usam como inspiração”, afirmou o produtor de games Joseph Olin, que também palestrou na Campus Party Brasil do ano passado, em São Paulo.

Na prática, ele nem é um campusero de fato, mas um dos mais empolgados dentro da arena o evento é o diretor da Campus Party Brasil, Marcelo Zenga, que mediou palestras, andou entre os visitantes da feira e por muitas vezes puxou o famoso grito de guerra da Campus: “ôôôôôô”. “A receptividade do público pernambucano é sensacional. Recife é uma cidade que realmente respira tecnologia e tem tudo a ver com o evento”, conta.

Se a versão pernambucana da feira contou esse ano com praticamente o mesmo tamanho (4 mil campuseros, 300 horas de palestras e ocupando o mesmo espaço no Centro de Convenções), se destacou em 2015 com conteúdos inéditos. “A maratona de negócios para as startups foi uma novidade que acredito que deixará um legado. Da mesma forma, a Campus Future deu a projetos universitários, que em muitos casos não sairiam da academia, uma vitrine importante que motivará os estudantes”, avalia Zenga, que agora se encontra com um problema nas mãos. “Estamos quebrando a cabeça para fazermos uma Campus melhor ainda no ano que vem”, completa.

Mas isso significa que a Campus Party Recife 2016 já pode ser dada como certa? O próprio diretor responde. “Desde já estamos negociando. Não é um evento fácil de se organizar, mas aqui contamos com um apoio forte da prefeitura e do governo do Estado. Além disso, a relação da Campus com Pernambuco já é um caso de amor, difícil de largar”, brinca. 

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