Empresas costumam rejeitar funcionários casados que trabalham juntos

Decisão é motivada pela desconfiança de que os empregados não saberão diferenciar a conduta entre a vida pessoal e a profissional
Rossini Gomes
Publicado em 10/11/2014 às 12:30
Decisão é motivada pela desconfiança de que os empregados não saberão diferenciar a conduta entre a vida pessoal e a profissional Foto: Ilustração: Ronaldo Câmara/Editoria de Artes/JC


“A regra é clara: não aceitamos casais na empresa.” Concorde ou não, algumas organizações rejeitam profissionais que mantêm relação amorosa, sejam eles casados ou apenas namorados. A decisão, considerada abusiva por alguns especialistas, é motivada pela desconfiança de que os empregados poderão não saber diferenciar a conduta adotada no ambiente pessoal daquela vivida no meio profissional.

“Por lei, não é proibido. Na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) não há disposição específica sobre permissão ou vedação de relacionamento entre os funcionários dentro do ambiente de trabalho. Normalmente, é uma exigência que parte do próprio empregador. Por meio de uma norma, um regulamento ou um estatuto interno”, explica o advogado trabalhista e previdenciário Rômulo Saraiva.

Problemas de casa devem ser resolvidos em casa e problemas do trabalho, no trabalho

diz a diretora da JBV Soluções em RH, Vanci Magalhães

Segundo a diretora da JBV Soluções em RH, Vanci Magalhães, problemas de casa devem ser resolvidos em casa e problemas do trabalho, no trabalho. “É importante compreender que cada local exigirá uma conduta. E uma das principais é evitar manifestações de carinho”, destaca. Evitar. Essa era postura do casal Simone, 39 anos, e Rodrigo Carvalho, 38. Em 1999, eles namoravam e entraram em uma empresa do setor industrial como estagiários de setores diferentes. “Sempre fomos discretos. Só ficaram sabendo da nossa relação porque o avô dele faleceu e eu pedi para ir ao enterro”, lembra Simone.

Em 2003, se casaram. “A empresa disse que poderia namorar, menos casar”, diz. Cientes de que a empresa não aceitava, um dos dois teria de sair. Durante os cerca de quatro anos em que ficaram na empresa, ambos foram promovidos à analista e, depois, a supervisor. “Então, decidimos distribuir currículos. Quem conseguisse um novo emprego primeiro, sairia. E meu esposo conseguiu”, diz Simone, que pediu para sair da empresa seis meses depois.

Apesar da decisão da antiga empresa, Simone compreende a determinação. “Eu entendo porque, em casos de filhos, por exemplo, a empresa terá de dar licença maternidade e paternidade, ou seja, terá dois funcionários a menos; se acontecer algo com o filho, os dois vão querer se ausentar do trabalho; além de possíveis casos de favorecimentos, se o casal tiver uma relação de chefe e de subordinado”, analisa.

Sobre esse último ponto, Vanci Magalhães diz que “vai depender muito da conduta do casal”. “É preciso saber separar as coisas. Não pode haver favorecimento por causa disso, pois um chefe não pode eximir o empregado de determinadas responsabilidades pelo fato de serem um casal”, simplifica.

Ela lembra que os canais de comunicação interna da empresa, como o e-mail corporativo e o telefone, não devem ser utilizados para troca de mensagens pessoais ou mesmo carinhosas.

Leia a íntegra na edição desta segunda-feira (10) do Jornal do Commercio

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