Empresas devem motivar funcionários na crise

Encontrar a felicidade no trabalho pode, para muitos, parecer uma missão hercúlea, digna de herói grego. Falta de alinhamento com os valores da companhia, baixos salários, jornadas extensas e acúmulo de funções aparecem como barreiras para a satisfação profissional, principalmente em um momento econômico delicado. Mas estar motivado é fundamental para produzir bons resultados e não se deixar levar pelo mar de pessimismo. Neste momento, empresas e colaboradores precisam estar de mãos dadas para desenvolver estratégias de gestão que valorizem as potencialidades individuais, fortaleçam os princípios da companhia e construam novos modelos de negócio. Tudo para manter os ânimos da equipe “nos trinques”.

De acordo com instrutora licenciada da Sociedade Brasileira de Coaching (SBCoaching) Lilia Barbosa, a motivação profissional está ligada à capacidade das empresas de encontrar novos caminhos e promover reinvenções. Segundo ela, isso gera satisfação pessoal nos indivíduos porque realizaram algo de valor, seja na criação de um produto, na otimização de um processo ou na conquista de um direito. “Pessoas motivadas têm energia suficiente para persistir diante de obstáculos e alcançar melhoras nos resultados empresariais. É uma qualidade valiosa em tempos de crise”, revela.

Ganhadora do primeiro lugar no prêmio da 18ª edição do Guia Você S/A – As Melhores Empresas para Trabalhar, a multinacional especializada em desenvolvimento de softwares e aplicativos empresariais SAP SE entende bem a importância da motivação e resolveu desenvolver estratégias para manter seu colaboradores satisfeitos inclusive durante crises.“Por um lado, a crise faz com que os colaboradores sintam necessidade de trabalhar mais, por medo de perder o emprego. Por outro, há corte de gastos muitas vezes acompanhados de redução de pessoal. Então, as pessoas precisam assumir novas atividades que não possuíam antes e se sentem desmotivadas e sobrecarregadas”, explica a vice-presidente de Recursos Humanos da SAP na América Latina, Paula Jácomo. E, para que as mudanças aconteçam de forma positiva, líderes e liderados precisam estar alinhados e abertos para dialogar sobre as reestruturações.

Os especialistas orientam que, primeiramente, a empresa deve resgatar seus valores e fortalecê-los em conjunto com os funcionários, criando uma ponte entre suas necessidades enquanto companhia e o sonho de seus colaboradores; além de ser clara e realista sobre o futuro da organização. “Os líderes são responsáveis pela criação de um ambiente em que cada um dos liderados saiba despertar o significado do trabalho que realiza, sentindo-se pertinente e automotivado”, ensina Lilia. Potencializar o uso de ferramentas como fóruns, ou o uso da estratégia da metodologia design thinking, para ouvir mais as pessoas, também funciona. “Principalmente na geração dos millenials, sinto que existe essa necessidade de ser ouvido e participar mais ativamente das mudanças, trazendo resultados”, confirma Paula. 

Também é a hora mais adequada para conhecer profundamente as aspirações pessoais de cada um e como elas podem se alinhar ao desenvolvimento da empresa. Em termos mais práticos, descobrir quem se interessa em trabalhar para novos setores ou até em vivenciar uma temporada no exterior. “Acredito que cabe à empresa ensinar a encarar a crise por uma ótica mais positiva. Em vez de pensar em sobrecarga, encarar o momento como de oportunidade através da fruição de novas experiências”, afirma a vice-presidente da SAP. Importante ressaltar que a tomada de decisões deve respeitar o plano de carreira e de desenvolvimento do próprio indivíduo, ou não haverá melhora na motivação profissional.