A greve geral liderada pelo setor dos transportes contra o aumento de impostos na Argentina teve início no primeiro minuto desta terça-feira.
A paralisação de 24 horas foi convocada para pedir a redução ou a eliminação de um imposto aplicado sobre os salários e servirá para medir forças antes do início das negociações salariais paritárias com as empresas.
A medida de força, quarta desse tipo desde 2012, é também uma demonstração de poder ao próximo governo que assumirá em dezembro.
O protesto ameaça paralisar os serviços de ônibus, metrô, trens, táxis, abastecimento de combustíveis, transporte aéreo comercial, cargas e portos, além dos setores médico, bancário e de alimentação, entre outros.
Devido à greve, as companhias aéreas TAM e Lan Chile anunciaram o cancelamento dos voos procedentes e para a Argentina.
Uma greve política
O chefe de Gabinete, Aníbal Fernández, criticou nesta segunda-feira os grevistas em uma coletiva de imprensa. "Que país lindo seria se não houvesse nenhum imposto! Mas isso é impensável. Este imposto é cobrado no mundo todo".
"Começaremos a tomar decisões de outras características quando não houverem as condições mínimas necessárias para que se possa prestar o serviço que esperamos", ameaçou Fernández. "Aqueles que cometerem excessos serão presos".
Partidos de esquerda anunciaram nesta segunda-feira que tentarão formar piquetes em acessos à capital federal, mas sem contar com o apoio dos sindicatos convocadores, que não farão comícios e passeatas.
O governo se reuniu nesta segunda-feira com empresários do transporte para obter a garantia de um serviço mínimo, sob a ameaça de sanções.
Os sindicatos responderam com dureza contra o que entenderam como uma provocação e anunciaram que, se suas demandas não forem atendidas, será feita uma nova greve, desta vez por 36 horas.
"Precisamos de um espaço para o diálogo. E se continuarem com as provocações e sem dar respostas às reclamações, as medidas de força vão aumentar", afirmou o líder do sindicato de caminhoneiros e membro de uma central trabalhista opositora, Hugo Moyano, um ex-aliado de Kirchner.
Segundo o ministro da Economia, Axel Kicillof, o imposto não será modificado porque "afeta uma minoria que ganha mais", cerca de 850 mil trabalhadores sobre uma força de 11 milhões de assalariados, segundo estimativas oficiais.
O imposto é aplicado progressivamente sobre os salários superiores a 15.000 pesos (1.700 dólares) até uma alíquota máxima de 35%.
No fim do ano passado, o governo conseguiu que os sindicatos suspendessem uma greve parecida, ao anunciar que o rendimento médio de dezembro seria isento de imposto de renda.