O avanço firme do petróleo no exterior abriu espaço nesta segunda-feira (22), para o recuo do dólar ante várias divisas de exportadores de commodities, como o real. No Brasil, este movimento foi potencializado pela nova fase da Operação Lava Jato, que, na visão de alguns profissionais do mercado, pode elevar as chances de cassação da presidente Dilma Rousseff. Em tese, uma mudança no Planalto poderia favorecer a retomada de confiança e a recuperação do Brasil. Em meio a esses fatores, o dólar à vista fechou em baixa de 1,94%, aos R$ 3,9417. Foi o segundo dia útil consecutivo de queda do dólar à vista ante o real (-2,66% no período).
A moeda americana caía desde o início do dia sob influência do exterior, onde havia nítida busca por ativos mais arriscados, como ações e divisas de países emergentes ou exportadores de commodities. Por trás disso estava o petróleo, com ganhos firmes tanto em Londres quanto em Nova York. A commodity, por sua vez, havia sido impulsionada pelo bom desempenho das ações na China e por relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) prevendo que a oferta e a demanda do petróleo vão se reequilibrar de forma gradual até 2017.
O efeito desse fator externo no câmbio foi amplificado, no Brasil, pela 23ª fase da operação Lava Jato, que incluiu entre seus alvos o marqueteiro João Santana, responsável por campanhas do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff. A avaliação, tanto no mercado financeiro quanto na oposição a Dilma, era de que, ao atingir João Santana, a investigação tende a complicar ainda mais o governo. No limite, ações contra a chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer, que tramitam no Tribunal Superior Eleitoral (STE), podem em tese ter mais chances de sucesso.
Nesse cenário, o dólar à vista marcou a máxima da sessão às 9h13 (R$ 4,0022, -0,44%), para depois atingir patamares ainda mais baixos. Na mínima, vista às 14 horas, foi cotado nos R$ 3,9330 (-2,16%). No restante do dia, foi se acomodando em patamares um pouco mais elevados, até encerrar nos R$ 3,9417.