O crescimento econômico da zona do euro acelerou no primeiro trimestre, a 0,6%, e o desemprego caiu, mas a inflação, a grande preocupação do Banco Central Europeu, voltou a mostrar números negativos (-0,2%), segundo as estimativas oficiais publicadas nesta sexta-feira (29).
Este número provisório de crescimento de +0,6% de janeiro a março é substancialmente melhor que o esperado pelos analistas, segundo as estimativas divulgadas por Facset, que calculava um crescimento de 0,4%.
Em termos interanuais, a Eurozona (19 países com a mesma moeda) cresceu 1,6%.
No dois últimos trimestres de 2015, a zona registrou o mesmo índice, 0,3%.
Comparativamente, os Estados Unidos obtiveram um crescimento de 0,5% no primeiro trimestre de 2016.
"Pouco a pouco, as peças vão se encaixando", reagiu Holger Schmieding, do Berenberg Bank, para quem "apesar das sérias turbulências dos mercados em janeiro e fevereiro, a economia na Eurozona começou bem 2016".
Bert Colijn, analista da instituição financeira holandesa ING, destacou, por sua vez, que "a zona do euro desafia as turbulências mundiais".
"A melhora foi apoiada provavelmente pelo gasto dos consumidores, mas também, segundo os dados provenientes de Áustria e França, pelo bom comportamento do investimento empresarial", estimou Howard Archer, analista do IHS Global.
Queda dos preços da energia
No front do desemprego, as notícias também foram boas neste primeiro trimestre.
Em março, o número de desempregados caiu a 10,2%, em comparação com os 10,4% de fevereiro (número revisado), anunciou o Eurostat.
Este número é melhor que as previsões dos analistas interrogados pelo Facset, que previam 10,3% em março. Trata-se da taxa de desemprego mais baixa registrada na zona do euro desde agosto de 2011, destacou o Eurostat.
Apesar destes dois bons registros, a inflação voltou a esfriar os ânimos. No mês de abril caiu a números negativos, -0,2%.
A Eurozona havia registrado 0% de inflação em março, e os analistas tinham a esperança de que este número voltaria a se repetir em abril.
O BCE mantém há mais de um ano um excepcional pacote de medidas de estímulo monetário, incluindo uma taxa de juros principal de zero por cento e a compra de dívida, para que a inflação retome voo e acompanhe o crescimento, sem muito êxito até agora.
A política monetária do Banco gerou agudas críticas na Alemanha, cujos poupadores se queixam de que esta taxa de juros prejudique as suas economias.
"Se uma pessoa analisa os números, não é difícil descobrir de onde vem este declínio (da inflação), em grande parte: a queda dos preços da energia", explicou Michael Hewson, da CMC Markets em Londres.
"Levando-se em conta o grande aumento do Produto Interno Bruto (PIB), parece que os preços da energia também estão agindo como estímulo fiscal e ajudando a apoiar a recuperação", indicou.
Archer, da IHS Global, opinou que o BCE sairá fortalecido deste bom número de crescimento e permanecerá, por isso, à expectativa nos próximos meses.
Simultaneamente à publicação do Eurostat, França e Espanha também anunciaram seus números de crescimento. A França cresceu 0,5% no primeiro trimestre, melhor que o previsto, e a Espanha 0,8%, apesar da crise política.