FGV: deflação nos IGPs deve se estender a julho

Em junho, o IGP-DI recuou 0,63%, a deflação mais intensa do indicador desde julho de 2009
Da AE
Publicado em 08/07/2014 às 14:24


A deflação nos Índices Gerais de Preços (IGPs) deve continuar nas próximas apurações, ainda devolvendo a alta provocada pela estiagem do início do ano e contabilizando as previsões de boas safras no Brasil e no exterior, afirmou nesta terça-feira (8) o superintendente adjunto de Inflação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. "Essa deflação está se estendendo. Não mudou de causa, mas mudou de extensão. A safra agrícola, apesar de tudo, vai ser recorde", disse. 

Em junho, o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) recuou 0,63%, a deflação mais intensa do indicador desde julho de 2009. "Teremos em julho algum IGP ainda negativo. Não sei se isso dura até o IGP-DI, mas não é impossível", afirmou.

Segundo Quadros, os produtos agropecuários no atacado são a principal razão para este recuo, diante de perspectivas positivas nas safras ao redor do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, a estimativa de área plantada de soja superou a intenção de plantio, que por sua vez já era maior do que o verificado no ano passado, citou o superintendente.

"Está tendo uma combinação de boas safras no plano mundial que há muito tempo não acontecia", ressaltou Quadros. As plantações de milho e de trigo também contam com previsões favoráveis, acrescentou. A soja recuou 0,31% no IGP-DI de junho, enquanto o trigo caiu 5,12% e o milho cedeu 8,51%.

No Brasil, ainda que tenham havido perdas com a estiagem entre os meses de março e abril, o que foi produzido posteriormente supriu o prejuízo, argumentou o superintendente. "O resultado final continua formando uma safra recorde. Tudo indica que vamos ter um período de maior tranquilidade para a alimentação, que era o que se imaginava desde o início do ano", afirmou.

Nos Índice de Preços ao Consumidor (IPC), a alimentação no domicílio ainda sobe 7,03% em 12 meses, mas tende a desacelerar, acompanhando os recuos verificados no atacado. "Não vai ser um contrapeso, mas é possível que alimentação, sobretudo no domicílio, tenda para neutralidade. Não deve ser um fator de desaceleração", comentou Quadros.

Os preços no varejo devem seguir em ritmo lento, segundo o superintendente. "Podemos ter um efeito sobre alimentação no varejo por mais tempo. Em junho e julho, teremos no IPC um bom período de inflação de alimentos bem contida", contou.

A safra de 2015 também pode se beneficiar do desempenho deste ano. Com formação de estoques, a situação dos alimentos pode começar o ano que vem com tranquilidade. "Mesmo que imediatamente não seja um fator relevante para conter inflação, tem uma boa perspectiva para os primeiros meses do ano que vem. Então, pode ser que ela descole um pouco para baixo do IPC", disse o superintendente.

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