FMI: Brasil não deve cumprir meta de superávit primário

A previsão é que o indicador brasileiro fique em 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano
Karol Albuquerque
Publicado em 08/10/2014 às 15:04


O Brasil não deve cumprir este ano a meta de superávit primário estabelecida pelo governo, por conta da economia desaquecida, afirma o Fundo Monetário Internacional (FMI), que divulgou nesta quarta-feira (8) o relatório Monitor Fiscal, que traz estimativas sobre as contas públicas de vários países. A previsão é que o indicador brasileiro fique em 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, abaixo do objetivo de Brasília de 1,9%.

Para 2015, a previsão do FMI é de melhora no superávit primário do setor público, para 2%, seguindo uma certa recuperação da economia brasileira. Os economistas da instituição cortaram nesta terça-feira (7) a previsão de crescimento do PIB do Brasil este ano, de 1,3% para 0,3%. Em 2015, se espera um número melhor, de 1,4%. Em 2016, o superávit primário subiria para 2,5% de acordo com a estimativa do Fundo.

O Monitor Fiscal traz ainda outras previsões para indicadores fiscais do Brasil, com melhora em algumas e piora em outras na comparação com o relatório que foi divulgado em abril pelo FMI, durante sua reunião de primavera em Washington. Para a dívida bruta, a expectativa é que fique em 65,8% do PIB este ano. No relatório anterior, a estimativa era de dívida de 66,7%. Neste indicador, o Brasil tem número pior que outros países emergentes que devem terminar o ano com índice médio de 33,7%, a metade do brasileiro. Em outros países, a previsão é que o México fique em 48,1% e a África do Sul em 47,3%. Para os desenvolvidos, a estimativa é de 80%.

O FMI estima que o déficit nominal do Brasil deve ficar em 3,9% do PIB este ano. A estimativa é pior do que a feita em abril, com déficit de 3,3%. Em 2015, o indicador deve ficar em 3,1% do PIB, pior que o déficit de 2,5% previsto anteriormente.

Nos últimos seis meses, desde que divulgou o relatório fiscal anterior, o FMI avalia que o ambiente de baixas taxas de juros e volatilidade moderada no mercado financeiro mundial levou a um declínio das pressões nas finanças públicas em vários países. "Contudo, vulnerabilidades fiscais permanecem e novos riscos apareceram", afirma o relatório divulgado nesta quarta. Para os países avançados, a recomendação é que a política fiscal seja amigável ao crescimento econômico e a geração de empregos.

Nos países emergentes, os déficits e as taxas de endividamento permanecem relativamente moderadas, embora, no geral, acima da média de antes da crise financeira mundial de 2008, ressalta o FMI. A perspectiva de elevação dos juros em países desenvolvidos aliada ao menor crescimento potencial dos emergentes demanda um reforço do ambiente fiscal para lidar com riscos.

"Nos emergentes, vulnerabilidades e riscos fiscais continuam a se acumular", afirmou em uma entrevista à imprensa nesta quarta-feira, o diretor do departamento de assuntos fiscais do FMI, Vitor Gaspar. Em alguns casos, disse ele, há riscos à sustentabilidade da dívida por conta de operações fora do orçamento público e garantias dos governos. "Muitos destes países têm em comum a necessidade de aumentar o crescimento potencial."

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