Após oscilar bastante nesta sessão, o dólar fechou em baixa em relação ao real, em linha com o comportamento das principais moedas emergentes. Já a Bolsa encerrou o dia em alta, também impulsionada pelo bom humor no exterior e em dia de exercício de opções sobre ações.
Após três pregões seguidos de alta, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou com baixa de 0,79%, a R$ 3,226. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, caiu 0,12%, a R$ 3,246. Na mínima, o dólar foi cotado a R$ 3,20 e na máxima, a R$ 3,26.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em alta de 0,52%, a 48.848 pontos, em dia de vencimento de opções sobre ações. Das 68 ações negociadas, 42 subiram, 24 caíram e duas fecharam estáveis.
Na avaliação de analistas, a Bolsa e o dólar corrigiram suas trajetórias após uma semana marcada por tensões políticas que fizeram o Ibovespa fechar a segunda semana em baixa e a moeda americana bater R$ 3,28.
PROTESTOS
As manifestações estiveram no foco dos investidores nesta sessão, apesar de a avaliação ser de que os protestos não influenciaram a cotação do dólar hoje.
"Como não houve tumulto e as manifestações foram em ordem, o mercado não se assustou. O dólar ficou mais volátil na quinta e na sexta da semana passada, com a expectativa com o desenrolar das manifestações, mas hoje não houve reflexo", avalia Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.
Galhardo ressalta, porém, que a moeda subiu muito e em pouco tempo, o que pode ter freado o apetite dos investidores. "Chega num patamar que o mercado não paga o preço da moeda que não seja mais a taxa real", diz.
No radar dos investidores esteve também a fala do ministro Joaquim Levy, que afirmou que a situação fiscal do Brasil faz com que o país não suporte outras medidas de estímulo.
Além disso, o mais recente boletim Focus mostrou que o dólar deve ficar acima de R$ 3 até o final do ano pela primeira vez.
Na manhã desta segunda, o Banco Central deu sequência às vendas de contratos de swap que tem sido feitas normalmente, segundo programa de intervenções no mercado já em vigor.
EXTERIOR
A queda do dólar em relação ao real ocorreu em linha com a de outras divisas também frente à moeda americana. Das 24 principais moedas emergentes, 18 se apreciaram em relação à divisa americana.
"O dólar não deve ter grandes movimentações até quarta-feira, quando ocorre a reunião do Fed (Federal Reserve, banco central americano). A gente espera uma mudança no discurso da Janet Yellen que indiquem um aumento na taxa de juros nos próximos encontros", avalia Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.
Caso Yellen efetivamente mude seu discurso, a moeda americana deve se apreciar em relação às emergentes. Isso porque um aumento dos juros deixa os títulos americanos -considerados de baixo risco e cuja taxa de remuneração acompanha a oscilação do juro básico- mais atraentes aos investidores internacionais, que preferem aplicar seus dólares lá a levar os recursos para países de maior risco -como emergentes, incluindo o Brasil.
Diante da perspectiva de entrada menor de dólares no Brasil, o preço da moeda americana sobe.
BOLSA
O dia foi marcado pelo vencimento de opções sobre ações, que movimentou R$ 2,11 bilhões, sendo R$ 1.308.966.397,60 em opções de venda e R$ 804.281.930,60 em opções de compra.
Com isso, o volume financeiro no pregão foi de R$ 7,7 bilhões, acima do giro médio diário no ano -que é de R$ 6,6 bilhões (até o dia 13)-, mas bem abaixo do volume negociado em outros vencimentos, que chegavam a R$ 15 bilhões, lembra Júlio Oliveira, diretor da Magliano Corretora.
"A maioria das Bolsas no mundo voltou a seu patamar pré-crise, a nossa não. E a gente depende muito do fluxo de investidores estrangeiros. Então a situação para a Bolsa ainda é muito difícil", avalia.
No dia, destaque para os papéis da Petrobras, que subiram. As ações preferenciais, mais negociadas e sem direito a voto, avançaram 1,93%, a R$ 8,46, enquanto as ordinárias -com direito a voto- tiveram valorização de 1,23%, a R$ 8,25.
Os papéis da Vale fecharam em sentidos opostos. As ações preferenciais caíram 0,30%, a R$ 16,43, e as ordinárias tiveram leve alta de 0,11%, a R$ 18,90. A mineradora foi autuada por manter pessoas em condição análoga à de escravo.
Na ponta positiva, as ações da CCR lideraram as altas do Ibovespa, ao subirem 5,55%, a R$ 14,83. Os papéis da Marcopolo tiveram as maiores baixas, ao caírem 4,29%, a R$ 2,23.