A sinalização do Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos), na véspera, de que os juros americanos subirão em um ritmo mais lento que o anteriormente previsto animou os investidores nesta quinta-feira (18), que deixaram em segundo plano a falta de acordo entre Grécia e seus credores internacionais para evitar um calote do país no fim do mês.
Com isso, o principal índice da Bolsa brasileira fechou em alta de 1,86%, para 54.238 pontos. O volume financeiro foi de R$ 5,466 bilhões. A alta de mais de 1% dos mercados acionários nos EUA ajudou a dar força ao Ibovespa.
"Sem dúvida, a postura mais 'dovish' [tolerante em relação à inflação em termos de política monetária] do Fed acalmou o mercado", disse Wagner Caetano, diretor da escola de investimentos Top Traders. Analistas temiam uma fuga repentina de recursos dos emergentes com um aperto monetário mais intenso nos EUA.
"Mesmo assim, a Bolsa tem andado de lado, sem conseguir firmar tendência de alta. É preciso considerar também que os fundos estão rebalanceando suas carteiras após o vencimento de opções sobre índice futuro [na véspera, quando terminou o prazo de contratos que apostavam no valor futuro de indicadores], o que tende a gerar uma movimentação atípica de curto prazo nos papéis", completou Caetano.
As ações da TIM lideraram os ganhos do Ibovespa, com valorização de 5,72%, para R$ 10,53, após a agência Bloomberg noticiar que o grupo de mídia francês Vivendi, a caminho de se tornar a principal acionista da Telecom Italia, defende que a companhia italiana explore uma venda da controlada brasileira a fim de focar em seu mercado doméstico, de acordo com pessoas próximas do assunto.
A reportagem diz que o presidente da Vivendi, Vincent Bollore, estaria ansioso para ver a Telecom Italia considerar uma alienação da TIM nos próximos dois anos e potencialmente unir a Telecom Italia com um rival europeu no médio prazo, conforme uma das fontes, que pediu para não ser identificada porque as deliberações são privadas.
O setor bancário subiu e ajudou a sustentar o ganho do Ibovespa, uma vez que este é o segmento com maior participação dentro do índice. O Itaú avançou 2,47%, para R$ 34,78, enquanto o Bradesco teve valorização de 3,75%, para R$ 28,76. Já o Banco do Brasil ganhou 3,24%, para R$ 23,28.
A Marfrig também fechou no azul, após o JPMorgan elevar a recomendação para a ação para "overweight" (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo passando para R$ 7,10. "O principal motivo é, na nossa visão, as diversas possibilidades de destravar valor, não só como IPO de Moy Park, mas também com os ativos de carne bovina e a Keystone", disse o banco americano em nota a clientes. O papel da empresa subiu 4,44%, para R$ 4,70.
Em sentido oposto, as empresas do setor educacional recuaram. Kroton perdeu 1,66%, para R$ 12,44, enquanto a Estácio teve baixa de 0,24%, para R$ 20,69. Das 66 empresas que compõem o Ibovespa, somente dez encerraram o pregão no vermelho.
CÂMBIO
No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve desvalorização de 1,48% sobre o real, cotado em R$ 3,047 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, ficou praticamente estável, com ligeira valorização de 0,03%, para R$ 3,059.
A avaliação de operadores é que a expectativa de elevação lenta dos juros nos EUA se sobrepôs ao fato de o Banco Central do Brasil ter reduzido, novamente, sua intervenção no mercado através da rolagem de contratos de swap cambial (operação que equivale a venda futura de dólares).
Na noite da véspera, o BC anunciou para esta sessão leilão de até 5.200 swaps cambiais, para estender o vencimento do lote de contratos que vence em julho. Na última semana, a autoridade monetária vinha ofertando até 6.300 papéis e, antes disso, até 7.000. Nesta quinta (18), o BC vendeu todos os 5.200 swaps oferecidos na rolagem, por US$ 255,3 milhões.