O Ministério Público Federal afirmou que a Petrobras teve prejuízo de R$ 6 bilhões entre 2009 e 2014 com a venda de nafta para a Braskem, petroquímica do grupo Odebrecht.
De acordo com denúncia apresentada nesta sexta-feira (24) contra executivos dos dois grupos, o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa agiu para fechar um acordo de negociação de nafta com a Braskem, em 2009, a preços abaixo do preço internacional.
Antes, a nafta (principal insumo da indústria petroquímica) era vendida pelo mesmo valor do ARA (valor de referência internacional), mais US$ 2 por cada tonelada do produto.
De acordo com a denúncia, após a intervenção de Costa foi estabelecida uma fórmula que permitiu à Braskem comprar nafta com desconto de até 8% em relação ao preço internacional. Em troca, diz a denúncia, o ex-diretor passou a receber US$ 5 milhões por ano.
O dinheiro era dividido pelo então diretor da Petrobras com o PP e o ex-deputado José Janene (PP-PR).
Em depoimento, Costa afirma ter tratado do "pagamento de vantagens ilícitas" com o empresário Bernardo Gradin, acionista do grupo Odebrecht, na época presidente da Braskem. Gradin nega.
DENÚNCIA
Executivos de duas das maiores construtoras do país, a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, foram denunciados à Justiça nesta sexta sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.
Esta é a primeira acusação formal contra executivos dessas duas empresas, investigadas na Operação Lava Jato há pelo menos oito meses.
Entre os denunciados estão os presidentes Marcelo Bahia Odebrecht, da Odebrecht, e Otávio Marques de Azevedo, da Andrade Gutierrez. Os dois, além de outros seis executivos, estão presos preventivamente desde junho.
O Ministério Público Federal, que ofereceu a denúncia, sustenta ter provas de que a Odebrecht e a Andrade Gutierrez faziam parte de um cartel que combinava o resultado de licitações na Petrobras e pagava propina sobre os contratos.
A Odebrecht vai se pronunciar logo mais sobre o oferecimento da denúncia. Ambas as empresas negam veementemente qualquer participação no esquema.