Apesar da desaceleração da inflação na passagem de julho (0,62%) para agosto (0,22%), o custo de vida dos brasileiros continua pressionado pelo do aumento dos preços vistos ao longo do ano, disse o IBGE na manhã desta quinta-feira (10).
Segundo Eulina Nunes, coordenadora de Índices de Preços do IBGE, a desaceleração do IPCA em agosto foi puxado sobretudo por alimentos, que estavam pressionados nos meses anteriores pelo câmbio e pela energia elétrica.
"O que se costuma observar é uma redução ou estabilidade dos preços dos alimentos na metade do ano. Desta vez isso aconteceu só em agosto. Foi um ponto, sem mudar o resultado de 12 meses. O custo de vida segue elevado", disse Eulina.
O IPCA, índice oficial de inflação, avançou 9,53% nos últimos 12 meses encerrados em agosto deste ano. O resultado é praticamente estável na comparação com julho, quando a taxa acumulada de 12 meses estava em 9,56%.
O avanço dos preços nesses últimos 12 meses foi pressionado, sobretudo, por despesas consideradas básicas do orçamento das famílias, como habitação (aumento de 17,55% nos preços), transportes (7,96%) e alimentação e bebidas (10,65%), segundo o IBGE
O problema do aumento do custo de vida é que ele ocorre em uma momento de piora do mercado de trabalho, com efeitos sobre a renda dos trabalhadores. Os aumentos de salários repõem cada vez menos a inflação passada.
Do aumento de preços, o avanço do grupo habitação foi puxado pela alta dos preços da energia elétrica (54,45%) nos últimos 12 meses. Já transportes foi impactado por reajustes de tarifas de ônibus 13,79%). São os chamados preços administrados da economia.
Para o IBGE, contudo, o pior dos reajustes dos preços administrados ficou para trás:
"A maioria das regiões dos Estados já aumentou os ônibus urbanos. Taxas de água e esgoto também já houve aumento. Em monitoras, os efeitos já foram. Em setembro alguns itens administrados energia elétrica vai continuar aumentando em alguns regiões, mas não com a força do primeiro semestre", disse a coordenadora.