Nem o Banco Central consegue segurar a alta do dólar

Moeda norte-americana acumula recordes de valorização
Da editoria de economia
Publicado em 24/09/2015 às 9:42
Moeda norte-americana acumula recordes de valorização Foto: Fotos Públicas


As intervenções do Banco Central (BC) no mercado de câmbio não estão sendo suficientes para segurar a escalada do dólar. Na quarta-feira (23), mesmo com a realização de um leilão de swap cambial (instrumento que aumenta a oferta dólares para evitar a desvalorização do real) e de dois leilões de linha (mecanismo de compra à vista), a moeda norte-americana encerrou o dia cotada a R$ 4,14, com alta de 2,28% (um recorde, desde o início do Plano Real). Só nesta semana, o BC já realizou três leilões de swap cambial para conter a alta do dólar. O BC já vendeu mais de US$ 100 bilhões desses contratos, na tentativa de estabilizar o real e proteger o setor produtivo. Hoje pela manhã será realizado mais um leilão, ofertando US$ 1 bilhão.

“Salário mínimo, dólar e taxa de juros são os três principais preços de uma economia. O dólar segue a mesma lógica de oferta e demanda de produtos comuns como uma banana: a única maneira de baixar o preço é aumentar a oferta. O contrato de swap cambial é um mecanismo de segurar a desvalorização do real sem recorrer ao uso das reservas internacionais, que hoje chegam a US$ 354 bilhões”, explica o sócio-diretor da Ceplan, Jorge Jatobá.

A escalada do dólar acumula números expressivos. Mesmo com os três pregões de swap cambial do BC, a alta ao longo desta semana chega a 4,72%. No acumulado do mês alcança 14,28%, no ano está em 55,87% e no intervalo dos últimos 12 meses atinge 72,15%. Ainda não é a maior desvalorização da história, mas são números alarmantes. Ontem, a cotação da moeda atingiu o pico de R$ 4,15 ao longo do dia, mas baixou com os leilões. Fatores políticos contribuíram para deixar o mercado tenso. Um deles foi a declaração do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), dizendo que a CPMF não será aprovada na Casa. Cunha também voltou a agitar o mercado quando afirmou que o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff deverá seguir na Câmara.

Jorge Jatobá lembra que a alta do dólar exerce forte impacto sobre a matriz produtiva. “Os preços sobem para as indústrias que dependem de componentes importados na produção, a aquisição de importados fica mais cara e aumenta a dívida em dólares das empresas. A Petrobras é um caso de empresa que está sofrendo duplamente com a alta do dólar, por conta de sua dívida, e do preço do petróleo, com o barril cotado a US$ 46”, destaca. Na avaliação do economista, apesar da venda de US$ 100 bilhões em contratos de swap cambial, o Brasil não vislumbra problema com suas reservas internacionais, porque não existe fuga de dólares, como na Argentina.

TAGS
dólar Real Banco Central Swansea reservas internacionais
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory